quarta-feira, 9 de abril de 2014

Consagração de um gestor desportivo


Na véspera do Benfica alcançar as meias-finais da Liga Europa e a 4 dias de jogar em Aveiro, contra o Arouca, a sua 1ª final rumo ao título, é altura de colocar os pontos nos is. Faço-o agora porque, se é verdade que estamos quase lá, também é verdade que quando a festa se concretizar vão ser muitos a atirar os foguetes.
A questão é esta: quem acreditava, no início da época (já lá vão quase 10 meses) que Jorge Jesus iria levar a equipa a este desempenho? Muito poucos ou, se calhar, ninguém. Ninguém? Minto.
Naquela tarde de calor de 26 de maio, quando no final da Taça de Portugal entre o Benfica e o Vitória de Guimarães, Cardozo teve uma atitude irreflectida para com Jorge Jesus, apenas uma pessoa, naquele mar vermelho lavado em desespero, teve nervos de aço: Luís Filipe Vieira.
Era fácil ao Presidente do Benfica, face ao descalabro da época e ao desaguisado público entre Cardozo e Jorge Jesus optar pelo caminho mais fácil e, das duas uma: ou despedir Jorge Jesus ou afastar Óscar Cardozo, através de uma transferência para o estrangeiro.
A primeira opção era aquela que a esmagadora maioria dos benfiquistas queria: a cabeça de Jorge Jesus. Hoje está provado que mantendo Jorge Jesus e gerindo com grande sabedoria a situação de Óscar Cardozo, Vieira salvou a época 2013/2014 do Benfica e deve ser hoje considerado o principal responsável por esta época que, tudo indica, será histórica.
No final daquela tarde no Estádio Nacional, a 26 de maio de 2013, na tribuna do Jamor, Luís Filipe Vieira era um homem abatido e reflexivo, mas nunca desesperado. Ele sabia que tinha assistido a um final de época de pesadelo, mas tinha de manter a serenidade.
Milhões de benfiquistas anónimos, comentadores encartados e jornalistas de serviço pediam a cabeça de Jesus, mas Vieira nunca esqueceu a decisão tomada em relação a Fernando Santos. Um homem que toma milhares de decisões diárias está sujeito a alguns erros, mas para Vieira os erros servem para nunca mais se cometerem.
Jesus ficou. E quanto a Cardozo, Vieira nunca se deixou influenciar pelas pressões dos jornais sobre o “timing” para resolver a situação do paraguaio. O certo é que Tacuara, apesar das lesões, está bem e recomenda-se, como o provou contra o Rio Ave. Luís Filipe Vieira, que todos gabam como um grande gestor financeiro, provou que também é um grande gestor desportivo.

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