segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tempo de paz e concórdia

Jorge Jesus tem de ser para os jogadores do Benfica como é para a sua família: generoso, próximo, caloroso e afectuoso. No fundo, tem de lhes dar amor e carinho. Tem de ser mais um confidente e menos um líder autoritário. Tem de ser mais humano e menos “profissional”. Tem de ser mais complacente e menos inflexível. Tem de ser mais compreensivo e menos “exterminador implacável”.
Jorge Jesus é um “bom chefe de família”; diz-se que é um bom filho, sempre presente, sempre disponível, sempre perto dos seus quando é preciso. Não lhe é pedido agora que “troque” a sua família pelo seu grupo de trabalho. Mas é-lhe pedido que há um tempo para palavras duras e medidas disciplinadoras, também há um tempo para a bonomia, a boa disposição, a descontracção.
Mais que os golos de Cardozo, foram os abraços entre os jogadores que mais me alegraram na tarde/noite de ontem, em Aveiro. E, em especial, o abraço de Jorge Jesus a David Luiz. Um abraço em que o treinador deve abarcar todo o plantel. Jesus também é humano e sabe dar a outra face. É tempo de paz e concórdia JJ.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A hora de Jesus

Jorge Jesus enfrenta a maior prova de fogo da sua carreira. Agora, sim, se vai ver o que vale o treinador do Benfica. Campeão pela primeira vez, no ano passado, Jesus tem um longo percurso no futebol português. Conhece todas as esquinas e todos os alçapões deste nosso futebol tão peculiar.
Será que esse conhecimento e essa experiência lhe irá valer de alguma coisa? A resposta está para breve. Mas, mais do que tácticas (não é ele o “mestre da táctica”?), mais do que a forma obsessiva com que treina, é ao nível da capacidade de insuflar confiança, força anímica e mental, que Jorge Jesus vai ser testado. Será ele capaz?
Diz-se do treinador do Benfica que “fala” a linguagem dos jogadores. Pois é aí, nesse lugar de segredos às vezes insondáveis que é o “balneário” que Jorge Jesus vai ter de fazer valer todos os seus recursos de liderança e de bom condutor de homens.
Os jogadores vão ter de acreditar outra vez na sua liderança, nas suas decisões, nas suas opções. Só Jesus tem nas mãos os instrumentos para que isso aconteça. Saberá utilizá-los?
Mais do que treinos intensivos; mais do que tácticas inovadoras, o segredo do sucesso do Benfica nesta época (sim, o sucesso ainda é possível e pode ser alcançável) está na forma como Jesus possa chegar ao intimo de cada jogador e promover, de novo, a união com vista a atingir objectivos comuns: o título, a vitória na Taça de Portugal, a final da Liga Europa. Poderá, ainda, consegui-lo?
O que Jorge Jesus precisa de colocar em prática não está escrito em nenhum livro de tácticas de futebol, nem em nenhum compêndio sobre modelos de jogo, nem em nenhum almanaque de perfis de jogadores. É mais profundo, mais imaterial, mais invisível. Por isso, mais difícil.
A carreira de Jorge Jesus como grande treinador de futebol começa agora.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O que fica do que passa

A mais de um mês da abertura do mercado de Inverno, a dança de nomes dos potenciais reforços do Benfica pós-Janeiro continua a manter animada as primeiras páginas dos jornais desportivos.
Nada de surpreendente, nem de estranho. Os jornais têm de vender e o Benfica é, também neste ponto, a “galinha dos ovos de ouro”. Não sou dos que acha que este tipo de notícias destabiliza o clube ou o plantel ou qualquer jogador.
São as regras do jogo e o Benfica tem de saber viver com a sua dimensão e com a voragem comunicacional e mediática dos dias que correm. Julgo, aliás, que este tem sido um calcanhar de Aquiles: sou contra “blackouts”, desmentidos em catadupa, ou qualquer outro tipo de iniciativas idênticas.
Deus me livre se o Benfica tivesse que reagir, confirmar ou desmentir tudo aquilo que sai diariamente nos jornais. Não se fazia mais nada naquela Casa e as preocupações e atenções devem ser outras.
Até porque, desmentida uma notícia, têm de ser todas desmentidas posteriormente, sob pena de implicitamente se estar a confirmar algumas. Os jornais vão continuar a ocupar as primeiras páginas com possíveis, potenciais, prováveis, futuros, reforços do Benfica. E o Benfica tem de olhar para isso com naturalidade e um encolher de ombros.
No início da pré-época, um comunicado a dizer que novos jogadores para o Benfica só após posição oficial, chuta qualquer notícia especulativa para o reino da fantasia. Os jornais continuarão a "vender-nos" novos e novos jogadores para o Glorioso, porque também sabem que vivemos dessa doce ilusão que nos faz bem ao ego e à alma, e o Benfica fica tranquilo a tratar do que interessa.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um tango a 4

Nicolás Gaitan começa a justificar o dinheiro investido. Um bis à Naval e uma série de jogadas de grande recorte técnico guindaram o pequeno argentino (e não são todos pequenos) a figura maior do jogo de ontem frente à equipa da Figueira da Foz.
Lambidas as feridas da derrota no dragão, o Benfica, sem meia equipa titular, entregou-se nas mãos de uma mão-cheia de argentinos para dar a volta à situação: Gaitán, Aimar, Saviola, Salvio, mais Jara, fizeram do relvado da Luz um enorme palco onde dançaram o tango.
O que fazer agora? Dar a Gaitán a titularidade que merece e fazê-lo explodir como Di Maria (que só o conseguiu na terceira época)? Colocar Salvio a fazer de Ramires, e finalmente dar asas à equipa? Colocar Saviola junto a Cardozo, quando este regressar, e reeditar a dupla maravilha da época passada? Fazer recuar Aimar para as costas de Saviola e dar-lhe a alegria de jogar que El Mago precisa para justificar ter um dia sido citado como sucessor de El Pibe, Maradona?
Tudo junto, claro, pode fazer regressar a alegria do grande futebol à Luz. Chegará a tempo da Liga? Não sabemos, ninguém sabe. O que sabemos, e alguns parecem que não sabem, é que o Benfica nunca joga para o 2º lugar. Objectivo: campeão.
Mas há mais, agora que a Liga pára 15 dias. Os homens das pampas que se preparem que a Liga dos Campeões ainda continua na mira. E Wembley conhece bem as camisolas vermelhas do Glorioso. Para isso, é preciso o melhor Benfica e um ataque cirúrgico ao mercado de Inverno. Nós acreditamos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"A Bola" somos nós

A notícia não é nova mas ganhou uma dimensão inusitada depois do editorial de ontem de Vítor Serpa, director de "A Bola", onde revelou os termos em que se processou o afastamento de Ricardo Araújo Pereira (RAP) e de José Diogo Quintela do painel de colunistas do jornal.
Serpa, que conheço pessoalmente e que considero, assumiu ter sido ele o autor, moral ou material, do "corte" ao texto de Quintela. O excerto referia-se ao "caso" que o "gato leonino" mantém com MST (Miguel Sousa Tavares), nas páginas do jornal - enquanto o "gato" investiga contradições nos artigos de Tavares; este dedica-se ao insulto gratuito a Quintela e RAP (este abandona em solidariedade com aquele).
Custa-me a acreditar que Vítor Serpa se tenha predisposto a tal acto. Aliás, se o fez, não conseguirá fugir à suspeita de ter sido pressionado por MST, depois deste ter ameaçado abandonar o jornal na sua última crónica.
O que sei, e o que mais importa, é que a "A Bola" ficou mais pobre. Sou um leitor diário e fiel do jornal há mais de 30 anos. Continuarei a sê-lo. Mas, vai-me custar passar sem as crónicas do RAP. É que, se é certo que mais dia menos dia o(s) vamos ler no "Record", a "A Bola" será sempre, para mim, uma companhia inseparável.
O que me custa mais, porém, é ver como um jornal com a história e as tradições de "A Bola" se deixa "invadir" e "manietar" desta maneira - MST, Rui Moreira, FJ Viegas. Não é pelo que são clubisticamente, mas pela afronta gratuita a roçar o insulto que destilam contra os colunistas benfiquistas.
Leonor Pinhão e Sílvio Cervan são pequenas "ilhas" de águas límpidas. Onde está a "velha" "A Bola" de Vítor Santos, Homero Serpa, Aurélio Márcio, Alfredo Farinha, Carlos Pinhão, Carlos Miranda, e outros? Quero acreditar que esse espírito ainda habita entre as paredes do jornal da Travessa da Queimada, e nas canetas (teclados) de Vítor Serpa, José Manuel Delgado, Fernando Guerra, João Bonzinho, entre outros.
Quero acreditar, mas quero ver para crer...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Angola, país-irmão

A viagem do Benfica a Angola, agendada antes do jogo do dragão, motivou os comentários mais diversos, a maior parte negativos - com o argumento de que a longa deslocação e as mudanças climatéricas e de fusos horários iria acarretar custos competitivos.
O que não se teria dito se tal viagem tivesse sido realizada antes do jogo do dragão.Estamos, pois, habituados a este discurso pequenino, lacrimejante e desculpabilizador. Pode o desgaste desta viagem justificar um resultado menos bom contra a Naval, o último classificado da Liga, na Luz, no próximo domingo? Não pode. Claro que não pode.
O convite que o Benfica recebeu para defrontar a Selecção angolana, que esteve no Mundial de 2006, e é uma das mais fortes de África, em jogo inserido nas comemorações dos 35 anos de Independência daquela ex-colónia portuguesa, é algo que deve figurar na História do Benfica.
Que clube, nacional ou estrangeiro, recusaria tal honra e tal distinção? E já não falo no vultuoso "cachet", de quase 1,5 milhões de euros... Depois, o que se viu, ouviu e leu, torna ainda mais espectacular esta viagem. A loucura das crianças angolanas, o entusiasmo à volta da equipa e dos seus craques, a imagem e o nome do Benfica a prender as atenções mediáticas em Luanda, uma capital com muitos outros atractivos - tudo isto representa um retorno, a curto e médio prazo, a nível do merchandising, a nível da adesão de novos sócios e assinantes da Benfica TV (que transmitiu o jogo), a nível da consolidação e propagação da imagem e do nome do Benfica como clube planetário. Quanto teria de investir o Benfica para ter este retorno? E ainda lhe pagam por cima... Está mais que justificada uma viagem que só teve aspectos positivos. (Até serviu para levantar o moral com uma vitória). 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um desastre anunciado

Quase 48 horas passadas sobre o pesadelo; depois de muitas horas de comentários, análises e reflexões, vamos a ver se, digerida que está a derrota (com o sporting, qual Prozac, a ajudar), avançamos com a dissecação das causas que nos levaram até aqui.
Julgo que tudo começou numa célebre entrevista de Jorge Jesus à RTPN. Com o título de campeão, pela primeira vez obtido, Jesus foi imprevidente, talvez por ainda estar inebriado com o conseguido. Ter "arrumado" Quim, um jogador consensual e admirado pelo grupo, através da televisão, foi algo que muitos no balneário não esqueceram nem perdoaram.
Curiosamente, Luís Filipe Vieira pressentiu o perigo daquela "gaffe" e soube-se que o Presidente do Benfica ficou muito desagradado com a situação. Jesus mostrou nessa entrevista uma faceta que já se vislumbrava: alguém que chegou ao topo do mundo e se deslumbrou.
Jorge Jesus é um bom treinador de futebol, experiente, competente, dedicado. Mas, como condutor de homens tem as suas falhas, às vezes graves. Desde sempre no futebol, Jesus nunca tinha ganho nada. Se calhar, incompreensivelmente, nunca lhe tinha sido permitido treinar uma grande equipa, lutar pelo título.
Vieira cumpriu-lhe o sonho e deu-lhe, de mão beijada, as condições máximas para ser campeão. Jesus aproveitou e bem, foi competente e atingiu o sonho de sempre: campeão nacional.
O seu pecado foi ter julgado que já tinha alcançado tudo. Vieira, mais uma vez, percebeu o laxismo iminente e lançou o aviso: "Os verdadeiros campeões não ganham só uma vez". Jesus não ouviu ou não percebeu. E planeou uma pré-época com negligência, com deficiências, com algum desleixo até, cujo epicentro foi a Supertaça, abordada com sobranceria, falta de rigor e de profissionalismo. Jesus não foi Jesus. Voltará a sê-lo?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Benfica-Lyon: jogo paradoxal

Um paradoxo, o jogo de ontem entre Benfica e Lyon para a Liga dos Campeões. Exemplifico: o Benfica, que na actual Liga nacional vinha mantendo invioláveis as suas balizas e revelava alguma inépcia concretizadora, mudou do dia para a noite - defesa frágil, ataque demolidor.
E, no entanto, duas das figuras maiores do desafio foram defesas: Luisão e Coentrão (sobretudo este). Ao capitão não foi dado o devido destaque na imprensa de hoje, tendo-se optado por Carlos Martins (merecidamente) e por Salvio (uma agradável surpresa, que pode levá-lo à titularidade no dragão).
Mas, Luisão foi decisivo, como quase sempre é. Um dia tem de se dar a Luisão o grande mérito que ele tem. A quase titularidade da selecção brasileira parece que ainda não lhe evita os olhares de soslaio em território nacional. Nada mais errado, nada mais injusto.
O Benfica tem no seu capitão um dos melhores centrais do Mundo e um dos melhores centrais de sempre do futebol português. Ontem, contra o Lyon, a sua inteligência foi responsável pela invalidação do golo dos franceses por fora-de-jogo.
E depois há Coentrão, Martins, Salvio e Kardec. Na articulação entre eles, está muito do desempenho para domingo no dragão. Juntemos Aimar e Saviola e, julgo, está revelada mais de meia equipa para o confronto com o fcporto.
Voltando ao jogo com o Lyon, que foi, não esquecer, semi-finalista da última Liga dos Campeões: Maxi regressa à grande forma; Javi, apesar de alguma responsabilidade no 1º golo gaulês, está como no ano passado; David Luiz, a quem Jesus tem de travar alguma precipitação ofensiva, é insubstituível - e depois são os 7 atrás referidos.
Falta Roberto, e dele se espera que esteja à altura do desempenho nos últimos jogos da Liga nacional: imbatível.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Amor é...

Pedro Silva, lembram-se dele? Talvez não, ou pelo menos, não pelo seu talento futebolístico. Lateral-direito do sporting, fez uma cena circense depois de fazer penálti na final da liga do ano passado, no Benfica - sporting, já perto do final do jogo. O Benfica ganhou a final e "seu" Pedro Silva "bancou" o palhaço. Ontem, Pedro Silva, com a camisola do Portimonense vestida, "bancou" outra vez o palhaço e foi o principal responsável pela derrota do clube algarvio contra o Vitória de Guimarães, que assim ascendeu ao 3º lugar, destronando o sporting.
Ironias do futebol: há um ano atrás, Pedro Silva parecia disposto a tudo para defender a camisola leonina. Os de alvalade "pagaram-lhe" com a dispensa. Agora, o ex-leão atirou o sporting para fora do pódio. Amor com amor se paga...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um nome que começa a fazer História

Os meus amigos e fiéis leitores sabem que sou um apoiante da primeira hora da actual liderança do Sport Lisboa e Benfica. Aqui, e noutros blogues ou espaços públicos, sempre entendi que o Benfica e os benfiquistas tudo devem fazer para manter Luís Filipe Vieira à frente dos seus destinos.
Os argumentos que enunciei em dezenas de artigos e em espaços televisivos são conhecidos e, por isso, não os canso com a sua repetição. Sublinho apenas uma realidade factual: o que era o Benfica no final da era Vale e Azevedo e o que é hoje!
Os últimos dias têm trazido mais argumentos a esta minha tese. Depois do golo à Maradona de Aimar, no Benfica - Paços de Ferreira, o Benfica institucional deu mais alguns bons exemplos ao mundo do futebol e ao país: a homenagem aos primeiros campeões europeus; o mural com os nomes de todos os que contribuiram para a construção da Nova Catedral da Luz; o arranque do Museu do Benfica.
Em todos estes momentos há um nome cimeiro e incontornável: Luís Filipe Vieira. Já começam a escassear os adjectivos para classificar a sua liderança de 7 anos (é incrível o que se fez em 7 anos, quando para a esmagadora maioria das instituições seriam precisas décadas). É por isso que não me vou cansar de alertar para este facto: o Benfica precisa de Luís Filipe Vieira por muitos e longos anos. Voltarei ao assunto!
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