terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Bagão, a entrevista

Bagão Félix deu uma importante entrevista a “A Bola”. Falou de futebol, claro, do seu e nosso Benfica, do País, da política, do mundo actual e do futuro – para o país e para o Benfica. É uma entrevista actual e incontornável. Para ler, reflectir e guardar. Vai ser importante, no futuro, voltarmos a ela.
Bagão Félix é uma daquelas personalidades que me orgulham de ser benfiquista. Pela sua paixão pelo clube, que não receia expor, para quem já ocupou várias cadeiras ministeriais (e quem sabe o futuro não lhe guarda o desafio de ser candidato presidencial); pela sua serenidade, num mundo agitado, também no futebol; pela sua inteligência aliada ao bom senso, o que é raro; pela sua credibilidade.
De Bagão Félix não é preciso dizer mais nada. Apenas e só se lamenta a sua “reforma” voluntária. O Benfica e o país precisam cada vez mais dos melhores e Bagão é um dos nossos melhores.
Quando se começa a falar cada vez com mais insistência na liderança da Federação, nos candidatos e nos apoios dos clubes, Bagão Félix seria um nome incontornável para Presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
O Benfica tudo deve fazer para o levar a aceitar este desafio. Esta vai ser uma luta decisiva para o futuro do futebol português. Quem estiver atento aos peões que se vão jogando (o último dos quais António Oliveira, ex-jogador do fc porto, do Sporting e ex-seleccionador nacional), percebe o “tabu” que Gilberto Madaíl quer alimentar.
Oferecer de mão beijada a cadeira da Praça da Alegria ao nosso principal rival seria um suicídio e estar mais 20 anos mergulhados nas trevas do futebol português. O Benfica tem de estar atento e não se demitir das suas responsabilidades e Bagão Félix está mesmo à mão.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vamos ajudar Vítor Pereira

Falta uma jornada para Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem, regressar ao palco. Após a jornada 15, a cumprir-se no início de Janeiro, o líder dos árbitros fará o balanço das arbitragens das 5 jornadas passadas.
Vítor Pereira pode aproveitar as férias natalícias para fazer o trabalho de casa. Como esta é um tempo de solidariedade, vamos ajudá-lo. Independentemente do que se passar na próxima jornada, Pereira já tem pano para mangas. E basta centrar a sua análise em dois jogos: fc porto – v.setúbal e paços de ferreira – fc porto.
Nestes dois jogos, as arbitragens de Elmano Santos e de Artur Soares Dias (da AFPorto), tiveram o condão de influenciar os resultados. O primeiro, madeirense, resolveu “ver” um penálti contra o Setúbal que mais ninguém “viu”. Mas não se contentou. Não fosse o diabo tecê-las, mandou o setubalense Jailson repetir uma grande penalidade – coisa rara -, depois de ter marcado na primeira ocasião.
Esperamos, com ansiedade, as explicações de Vítor Pereira. Mas pelo castigo já infligido a Elmano, prevê-se mais uma crucificação do árbitro. Seja como for, já nada retirará os 3 pontos ao fc porto.
Ontem, na Mata Real, Soares Dias “viu” mais um penálti a favor do fc porto que mais ninguém viu – a diferença mínima a favor do fc porto ameaçava esfumar-se e havia que evitar surpresas.
Vamos a ver o que acontece a Soares Dias e o que lá mais para a frente vai dizer Vítor Pereira sobre este lance… É que não foi “mão na bola” (artifício com que os árbitros costumam justificar os seus erros), foi mesmo “pé na bola”. Mais 3 pontos de bandeja para o fc porto. Enfim,! Bom Natal para todos…

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A importância de uma efeméride

Nos dois últimos dias, as manchetes dos jornais desportivos – melhor dizendo, a manchete do único jornal desportivo com memória (A Bola) – foi ocupada não pelo mais recente “provável” reforço do Benfica, mas pelo “único” reforço do Benfica em toda a sua História: Eusébio da Silva Ferreira.
Escrevi dois dias porque a data da chegada de Eusébio a Lisboa – 15 ou 17 de Dezembro -, faz agora 50 anos, está, também ela, envolta em mistério. Seja como for, a “Pantera Negra”, ainda não “Pantera Negra”, aterrou na Portela há 50 anos atrás, rumo à Luz e ao Benfica.
Não se trata de uma efeméride qualquer, nem de um número qualquer – vale a pena comemorar este número redondo, 50 anos. Vale a pena porque Eusébio é Eusébio. Mas vale sobretudo a pena porque ninguém, a não ser o Benfica, tem uma referência tão marcante e ainda entre nós.
Nestes últimos 50 anos, o Benfica viveu anos de glória e de ocaso, altos e baixos, momentos de desespero e euforia. Mas, sobreviveu, hoje mais forte que nunca, mais habilitado que nunca para ultrapassar os tempos conturbados que estamos a viver.
Estou cada vez mais convencido que isso só aconteceu porque o Benfica soube preservar, cultivar e defender a sua memória. Quando olho para a Tribuna Presidencial da Luz e vejo, junto a Luís Filipe Vieira, Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto, percebo muito bem porque o Benfica, apesar de todas as vicissitudes, está forte e robusto.
Noutras tribunais rivais, o que vejo são empresários mal afamados, árbitros e ex-árbitros, políticos e quejandos à busca de notoriedade, personalidades impróprias para consumo e ilustres alianças de ocasião.
Quando sei que uma das principais prioridades de Luís Filipe Vieira é o Museu do Benfica, percebo porque este clube, com 106 anos (bem contadinhos), milhares de títulos em todas as modalidades, quase 300 mil sócios, está na vanguarda de todos os clubes mundiais e legitimamente se intitula como “O Maior Clube do Mundo”.
É por isso que a efeméride dos 50 anos da chegada de Eusébio à Luz, que todos os jornais, com maior ou menor destaque, noticiaram, é importante ser lembrada e referenciada. Porque se antes de Eusébio já havia um Grande Benfica, com Julinho ou Francisco Ferreira ou José Águas, a “Pantera Negra” certificou a chancela de um clube único: popular e cosmopolita, interracial, europeu e africano, democrático antes da liberdade. Um clube gigantesco num país minúsculo.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Os "papagaios"

No início da década, Luís Filipe Vieira proferiu uma frase que ficou histórica: “Vou acabar com os papagaios”. Um verdadeiro “soundbyte”, como agora se diz. O Benfica vivia, então, com a pesada herança deixada por Vale e Azevedo, a tentar libertar-se desse fardo duro e pesado. À época, ninguém deu o passo em frente, o clube estava mergulhado em dívidas e o desempenho desportivo era medíocre.
Manuel Vilarinho e Luís Filipe Vieira foram os principais rostos do “governo de salvação nacional”. O primeiro, mais “low-profile”, deixou o trabalho mais complexo e de sapa para o segundo.
Vieira sabia bem ao que ia, tinha um programa, uma estratégia e os instrumentos para a realizar. Porém, com o seu apurado instinto e intuição e a sua visão a médio/longo prazo, percebeu que, no imediato, tinha que acabar com ruído à volta de tudo o que mexia na Luz.
Um ruído interno, de algumas figuras que se julgam (ou julgavam) serem “donas” do clube e eram omnipresentes na comunicação social. Sempre as mesmas caras e vozes que apareciam quando as coisas corriam mal.
Vieira sabia bem que este ruído era prejudicial, insidioso, mesquinho e distraía muitos dos que o rodeavam para o acessório em vez de se preocuparem com o essencial: salvar o Benfica. Em suma, o ruído se não obstaculizava a estratégia, atrasava o processo. E Vieira tinha pressa em salvar o Benfica. Por isso, lançou aquele “vou acabar com os papagaios”.
Não vou aqui referir os nomes de quem eram os “papagaios”, a maioria dos quais, justiça lhes seja feita, está hoje afastada dos holofotes. Estou convencido que Luís Filipe Vieira começou aí a construir e a solidificar a sua liderança à frente do Sport Lisboa e Benfica.
Quando, 10 anos depois, abro os jornais, ligo a rádio e a televisão, e leio, ouço e vejo tantos a lançarem teorias e avançarem soluções que apenas desestabilizam e confundem, vem-me sempre à memória aquela frase de Vieira: “Vou acabar com os papagaios”.
A dois dias daquele que muitos, de forma irresponsável e leviana, rotulam como o jogo que irá definir o futuro de Jorge Jesus – o Benfica – Braga, de domingo, para a Taça -, acredito que Luís Filipe Vieira saberá, na solidão do poder, tomar as medidas mais acertadas para o Benfica. Por muito ruído que se faça à sua volta.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CAMPEONATO VICIADO E MENTIROSO

A tese está consagrada e não necessita de registo notarial: muitos dos campeonatos ganhos pelo fc porto começaram a ser decididos nas primeiras 10 jornadas – o fosso cavava-se desde o início, para que tudo pudesse ser gerido nas calmas.
Este não foge à regra. E haja o que houver até final, o rótulo que lhe está já associado será difícil de apagar: CAMPEONATO VICIADO. O que se passou ontem no dragão, no fc porto – v. Setúbal, foi mais um triste episódio de um CAMPEONATO VICIADO.
O “penálti-fantasma” em cima do intervalo tem um nome: MENTIRA. A repetição do penálti contra o fc porto tem um nome: MENTIRA. Elmano Santos, o árbitro, fez o que lhe competia, face ao previamente estipulado – a distância para o 2º é para manter ou para alargar, nunca para encurtar.
Atentem neste estranho caso: repetição de penáltis já vimos por uma de três razões – “paradinha”, entrada de jogador na área antes da sua marcação ou irregular posicionamento do guarda-redes na baliza (tem de estar parado sobre a linha).
O comentador da TVI, na ânsia de encontrar uma justificação plausível, avançou com a “paradinha”. Mas Elmano estava numa de ser original. Disse e mostrou ao mundo que foi por não ter apitado. Ou seja, o próprio Elmano assumiu que não houve nenhuma irregularidade. E se Jailson tem falhado o primeiro penálti? Elmano mandava repetir?
O mais cómico, se calhar, vai ser ouvir Vilas Boas. Se, na sua opinião, a arbitragem de Jorge Sousa no Sporting – fc porto foi “ridícula” (e a nota também), o que irá o treinador do fc porto dizer desta, do senhor Elmano?
Temos assim um campeonato VICIADO E MENTIROSO. Começou assim e o que começa torto tarde ou nunca se endireita. Estávamos ainda longe desta paródia circense (que é tempo de circo sabemo-lo nós), e a MENTIRA já tomava conta deste campeonato.
Jornada 1: Naval – fc porto. Golo do porto a 5 minutos do fim com um penálti muito, mas muito, duvidoso. Bola na mão ou mão na bola? 3 pontinhos já cá cantam, pensaram os dragões.
Jornada 5: Nacional – fc porto. Penálti contra o fc porto não marcado, e que dava o empate. Bola na mão, ou mão na bola? Critérios diferentes mas sempre o mesmo beneficiado: o fc porto.
Jornada 7: V. Guimarães – fc porto: Penálti contra o fc porto impede Guimarães de chegar à vitória.
Estes os casos mais flagrantes. Outros houve (como o 1º golo contra o Olhanense, em fora-de-jogo), que apenas servem para compor o ramalhete. Tudo junto, bem misturado, é capaz de não dar um grande cocktail, mas vá lá, um café com leite é capaz de se arranjar.
Acresce os pontos subtraídos ao Benfica, com o jogo em Guimarães no topo da lista, e não é preciso saber muito de matemática: 8 pontos à maior. E o mais que há-de vir. Se alguém estiver a dormir é bom que acorde a tempo.
Daqui por 2 jornadas, Vítor Pereira fará o balanço periódico. Vai ter muito que explicar. Era útil e pedagógico que lhe colocassem no power-point um quadro a dizer: CAMPEONATO VICIADO E MENTIROSO.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tempo de paz e concórdia

Jorge Jesus tem de ser para os jogadores do Benfica como é para a sua família: generoso, próximo, caloroso e afectuoso. No fundo, tem de lhes dar amor e carinho. Tem de ser mais um confidente e menos um líder autoritário. Tem de ser mais humano e menos “profissional”. Tem de ser mais complacente e menos inflexível. Tem de ser mais compreensivo e menos “exterminador implacável”.
Jorge Jesus é um “bom chefe de família”; diz-se que é um bom filho, sempre presente, sempre disponível, sempre perto dos seus quando é preciso. Não lhe é pedido agora que “troque” a sua família pelo seu grupo de trabalho. Mas é-lhe pedido que há um tempo para palavras duras e medidas disciplinadoras, também há um tempo para a bonomia, a boa disposição, a descontracção.
Mais que os golos de Cardozo, foram os abraços entre os jogadores que mais me alegraram na tarde/noite de ontem, em Aveiro. E, em especial, o abraço de Jorge Jesus a David Luiz. Um abraço em que o treinador deve abarcar todo o plantel. Jesus também é humano e sabe dar a outra face. É tempo de paz e concórdia JJ.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A hora de Jesus

Jorge Jesus enfrenta a maior prova de fogo da sua carreira. Agora, sim, se vai ver o que vale o treinador do Benfica. Campeão pela primeira vez, no ano passado, Jesus tem um longo percurso no futebol português. Conhece todas as esquinas e todos os alçapões deste nosso futebol tão peculiar.
Será que esse conhecimento e essa experiência lhe irá valer de alguma coisa? A resposta está para breve. Mas, mais do que tácticas (não é ele o “mestre da táctica”?), mais do que a forma obsessiva com que treina, é ao nível da capacidade de insuflar confiança, força anímica e mental, que Jorge Jesus vai ser testado. Será ele capaz?
Diz-se do treinador do Benfica que “fala” a linguagem dos jogadores. Pois é aí, nesse lugar de segredos às vezes insondáveis que é o “balneário” que Jorge Jesus vai ter de fazer valer todos os seus recursos de liderança e de bom condutor de homens.
Os jogadores vão ter de acreditar outra vez na sua liderança, nas suas decisões, nas suas opções. Só Jesus tem nas mãos os instrumentos para que isso aconteça. Saberá utilizá-los?
Mais do que treinos intensivos; mais do que tácticas inovadoras, o segredo do sucesso do Benfica nesta época (sim, o sucesso ainda é possível e pode ser alcançável) está na forma como Jesus possa chegar ao intimo de cada jogador e promover, de novo, a união com vista a atingir objectivos comuns: o título, a vitória na Taça de Portugal, a final da Liga Europa. Poderá, ainda, consegui-lo?
O que Jorge Jesus precisa de colocar em prática não está escrito em nenhum livro de tácticas de futebol, nem em nenhum compêndio sobre modelos de jogo, nem em nenhum almanaque de perfis de jogadores. É mais profundo, mais imaterial, mais invisível. Por isso, mais difícil.
A carreira de Jorge Jesus como grande treinador de futebol começa agora.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O que fica do que passa

A mais de um mês da abertura do mercado de Inverno, a dança de nomes dos potenciais reforços do Benfica pós-Janeiro continua a manter animada as primeiras páginas dos jornais desportivos.
Nada de surpreendente, nem de estranho. Os jornais têm de vender e o Benfica é, também neste ponto, a “galinha dos ovos de ouro”. Não sou dos que acha que este tipo de notícias destabiliza o clube ou o plantel ou qualquer jogador.
São as regras do jogo e o Benfica tem de saber viver com a sua dimensão e com a voragem comunicacional e mediática dos dias que correm. Julgo, aliás, que este tem sido um calcanhar de Aquiles: sou contra “blackouts”, desmentidos em catadupa, ou qualquer outro tipo de iniciativas idênticas.
Deus me livre se o Benfica tivesse que reagir, confirmar ou desmentir tudo aquilo que sai diariamente nos jornais. Não se fazia mais nada naquela Casa e as preocupações e atenções devem ser outras.
Até porque, desmentida uma notícia, têm de ser todas desmentidas posteriormente, sob pena de implicitamente se estar a confirmar algumas. Os jornais vão continuar a ocupar as primeiras páginas com possíveis, potenciais, prováveis, futuros, reforços do Benfica. E o Benfica tem de olhar para isso com naturalidade e um encolher de ombros.
No início da pré-época, um comunicado a dizer que novos jogadores para o Benfica só após posição oficial, chuta qualquer notícia especulativa para o reino da fantasia. Os jornais continuarão a "vender-nos" novos e novos jogadores para o Glorioso, porque também sabem que vivemos dessa doce ilusão que nos faz bem ao ego e à alma, e o Benfica fica tranquilo a tratar do que interessa.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um tango a 4

Nicolás Gaitan começa a justificar o dinheiro investido. Um bis à Naval e uma série de jogadas de grande recorte técnico guindaram o pequeno argentino (e não são todos pequenos) a figura maior do jogo de ontem frente à equipa da Figueira da Foz.
Lambidas as feridas da derrota no dragão, o Benfica, sem meia equipa titular, entregou-se nas mãos de uma mão-cheia de argentinos para dar a volta à situação: Gaitán, Aimar, Saviola, Salvio, mais Jara, fizeram do relvado da Luz um enorme palco onde dançaram o tango.
O que fazer agora? Dar a Gaitán a titularidade que merece e fazê-lo explodir como Di Maria (que só o conseguiu na terceira época)? Colocar Salvio a fazer de Ramires, e finalmente dar asas à equipa? Colocar Saviola junto a Cardozo, quando este regressar, e reeditar a dupla maravilha da época passada? Fazer recuar Aimar para as costas de Saviola e dar-lhe a alegria de jogar que El Mago precisa para justificar ter um dia sido citado como sucessor de El Pibe, Maradona?
Tudo junto, claro, pode fazer regressar a alegria do grande futebol à Luz. Chegará a tempo da Liga? Não sabemos, ninguém sabe. O que sabemos, e alguns parecem que não sabem, é que o Benfica nunca joga para o 2º lugar. Objectivo: campeão.
Mas há mais, agora que a Liga pára 15 dias. Os homens das pampas que se preparem que a Liga dos Campeões ainda continua na mira. E Wembley conhece bem as camisolas vermelhas do Glorioso. Para isso, é preciso o melhor Benfica e um ataque cirúrgico ao mercado de Inverno. Nós acreditamos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"A Bola" somos nós

A notícia não é nova mas ganhou uma dimensão inusitada depois do editorial de ontem de Vítor Serpa, director de "A Bola", onde revelou os termos em que se processou o afastamento de Ricardo Araújo Pereira (RAP) e de José Diogo Quintela do painel de colunistas do jornal.
Serpa, que conheço pessoalmente e que considero, assumiu ter sido ele o autor, moral ou material, do "corte" ao texto de Quintela. O excerto referia-se ao "caso" que o "gato leonino" mantém com MST (Miguel Sousa Tavares), nas páginas do jornal - enquanto o "gato" investiga contradições nos artigos de Tavares; este dedica-se ao insulto gratuito a Quintela e RAP (este abandona em solidariedade com aquele).
Custa-me a acreditar que Vítor Serpa se tenha predisposto a tal acto. Aliás, se o fez, não conseguirá fugir à suspeita de ter sido pressionado por MST, depois deste ter ameaçado abandonar o jornal na sua última crónica.
O que sei, e o que mais importa, é que a "A Bola" ficou mais pobre. Sou um leitor diário e fiel do jornal há mais de 30 anos. Continuarei a sê-lo. Mas, vai-me custar passar sem as crónicas do RAP. É que, se é certo que mais dia menos dia o(s) vamos ler no "Record", a "A Bola" será sempre, para mim, uma companhia inseparável.
O que me custa mais, porém, é ver como um jornal com a história e as tradições de "A Bola" se deixa "invadir" e "manietar" desta maneira - MST, Rui Moreira, FJ Viegas. Não é pelo que são clubisticamente, mas pela afronta gratuita a roçar o insulto que destilam contra os colunistas benfiquistas.
Leonor Pinhão e Sílvio Cervan são pequenas "ilhas" de águas límpidas. Onde está a "velha" "A Bola" de Vítor Santos, Homero Serpa, Aurélio Márcio, Alfredo Farinha, Carlos Pinhão, Carlos Miranda, e outros? Quero acreditar que esse espírito ainda habita entre as paredes do jornal da Travessa da Queimada, e nas canetas (teclados) de Vítor Serpa, José Manuel Delgado, Fernando Guerra, João Bonzinho, entre outros.
Quero acreditar, mas quero ver para crer...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Angola, país-irmão

A viagem do Benfica a Angola, agendada antes do jogo do dragão, motivou os comentários mais diversos, a maior parte negativos - com o argumento de que a longa deslocação e as mudanças climatéricas e de fusos horários iria acarretar custos competitivos.
O que não se teria dito se tal viagem tivesse sido realizada antes do jogo do dragão.Estamos, pois, habituados a este discurso pequenino, lacrimejante e desculpabilizador. Pode o desgaste desta viagem justificar um resultado menos bom contra a Naval, o último classificado da Liga, na Luz, no próximo domingo? Não pode. Claro que não pode.
O convite que o Benfica recebeu para defrontar a Selecção angolana, que esteve no Mundial de 2006, e é uma das mais fortes de África, em jogo inserido nas comemorações dos 35 anos de Independência daquela ex-colónia portuguesa, é algo que deve figurar na História do Benfica.
Que clube, nacional ou estrangeiro, recusaria tal honra e tal distinção? E já não falo no vultuoso "cachet", de quase 1,5 milhões de euros... Depois, o que se viu, ouviu e leu, torna ainda mais espectacular esta viagem. A loucura das crianças angolanas, o entusiasmo à volta da equipa e dos seus craques, a imagem e o nome do Benfica a prender as atenções mediáticas em Luanda, uma capital com muitos outros atractivos - tudo isto representa um retorno, a curto e médio prazo, a nível do merchandising, a nível da adesão de novos sócios e assinantes da Benfica TV (que transmitiu o jogo), a nível da consolidação e propagação da imagem e do nome do Benfica como clube planetário. Quanto teria de investir o Benfica para ter este retorno? E ainda lhe pagam por cima... Está mais que justificada uma viagem que só teve aspectos positivos. (Até serviu para levantar o moral com uma vitória). 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um desastre anunciado

Quase 48 horas passadas sobre o pesadelo; depois de muitas horas de comentários, análises e reflexões, vamos a ver se, digerida que está a derrota (com o sporting, qual Prozac, a ajudar), avançamos com a dissecação das causas que nos levaram até aqui.
Julgo que tudo começou numa célebre entrevista de Jorge Jesus à RTPN. Com o título de campeão, pela primeira vez obtido, Jesus foi imprevidente, talvez por ainda estar inebriado com o conseguido. Ter "arrumado" Quim, um jogador consensual e admirado pelo grupo, através da televisão, foi algo que muitos no balneário não esqueceram nem perdoaram.
Curiosamente, Luís Filipe Vieira pressentiu o perigo daquela "gaffe" e soube-se que o Presidente do Benfica ficou muito desagradado com a situação. Jesus mostrou nessa entrevista uma faceta que já se vislumbrava: alguém que chegou ao topo do mundo e se deslumbrou.
Jorge Jesus é um bom treinador de futebol, experiente, competente, dedicado. Mas, como condutor de homens tem as suas falhas, às vezes graves. Desde sempre no futebol, Jesus nunca tinha ganho nada. Se calhar, incompreensivelmente, nunca lhe tinha sido permitido treinar uma grande equipa, lutar pelo título.
Vieira cumpriu-lhe o sonho e deu-lhe, de mão beijada, as condições máximas para ser campeão. Jesus aproveitou e bem, foi competente e atingiu o sonho de sempre: campeão nacional.
O seu pecado foi ter julgado que já tinha alcançado tudo. Vieira, mais uma vez, percebeu o laxismo iminente e lançou o aviso: "Os verdadeiros campeões não ganham só uma vez". Jesus não ouviu ou não percebeu. E planeou uma pré-época com negligência, com deficiências, com algum desleixo até, cujo epicentro foi a Supertaça, abordada com sobranceria, falta de rigor e de profissionalismo. Jesus não foi Jesus. Voltará a sê-lo?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Benfica-Lyon: jogo paradoxal

Um paradoxo, o jogo de ontem entre Benfica e Lyon para a Liga dos Campeões. Exemplifico: o Benfica, que na actual Liga nacional vinha mantendo invioláveis as suas balizas e revelava alguma inépcia concretizadora, mudou do dia para a noite - defesa frágil, ataque demolidor.
E, no entanto, duas das figuras maiores do desafio foram defesas: Luisão e Coentrão (sobretudo este). Ao capitão não foi dado o devido destaque na imprensa de hoje, tendo-se optado por Carlos Martins (merecidamente) e por Salvio (uma agradável surpresa, que pode levá-lo à titularidade no dragão).
Mas, Luisão foi decisivo, como quase sempre é. Um dia tem de se dar a Luisão o grande mérito que ele tem. A quase titularidade da selecção brasileira parece que ainda não lhe evita os olhares de soslaio em território nacional. Nada mais errado, nada mais injusto.
O Benfica tem no seu capitão um dos melhores centrais do Mundo e um dos melhores centrais de sempre do futebol português. Ontem, contra o Lyon, a sua inteligência foi responsável pela invalidação do golo dos franceses por fora-de-jogo.
E depois há Coentrão, Martins, Salvio e Kardec. Na articulação entre eles, está muito do desempenho para domingo no dragão. Juntemos Aimar e Saviola e, julgo, está revelada mais de meia equipa para o confronto com o fcporto.
Voltando ao jogo com o Lyon, que foi, não esquecer, semi-finalista da última Liga dos Campeões: Maxi regressa à grande forma; Javi, apesar de alguma responsabilidade no 1º golo gaulês, está como no ano passado; David Luiz, a quem Jesus tem de travar alguma precipitação ofensiva, é insubstituível - e depois são os 7 atrás referidos.
Falta Roberto, e dele se espera que esteja à altura do desempenho nos últimos jogos da Liga nacional: imbatível.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Amor é...

Pedro Silva, lembram-se dele? Talvez não, ou pelo menos, não pelo seu talento futebolístico. Lateral-direito do sporting, fez uma cena circense depois de fazer penálti na final da liga do ano passado, no Benfica - sporting, já perto do final do jogo. O Benfica ganhou a final e "seu" Pedro Silva "bancou" o palhaço. Ontem, Pedro Silva, com a camisola do Portimonense vestida, "bancou" outra vez o palhaço e foi o principal responsável pela derrota do clube algarvio contra o Vitória de Guimarães, que assim ascendeu ao 3º lugar, destronando o sporting.
Ironias do futebol: há um ano atrás, Pedro Silva parecia disposto a tudo para defender a camisola leonina. Os de alvalade "pagaram-lhe" com a dispensa. Agora, o ex-leão atirou o sporting para fora do pódio. Amor com amor se paga...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um nome que começa a fazer História

Os meus amigos e fiéis leitores sabem que sou um apoiante da primeira hora da actual liderança do Sport Lisboa e Benfica. Aqui, e noutros blogues ou espaços públicos, sempre entendi que o Benfica e os benfiquistas tudo devem fazer para manter Luís Filipe Vieira à frente dos seus destinos.
Os argumentos que enunciei em dezenas de artigos e em espaços televisivos são conhecidos e, por isso, não os canso com a sua repetição. Sublinho apenas uma realidade factual: o que era o Benfica no final da era Vale e Azevedo e o que é hoje!
Os últimos dias têm trazido mais argumentos a esta minha tese. Depois do golo à Maradona de Aimar, no Benfica - Paços de Ferreira, o Benfica institucional deu mais alguns bons exemplos ao mundo do futebol e ao país: a homenagem aos primeiros campeões europeus; o mural com os nomes de todos os que contribuiram para a construção da Nova Catedral da Luz; o arranque do Museu do Benfica.
Em todos estes momentos há um nome cimeiro e incontornável: Luís Filipe Vieira. Já começam a escassear os adjectivos para classificar a sua liderança de 7 anos (é incrível o que se fez em 7 anos, quando para a esmagadora maioria das instituições seriam precisas décadas). É por isso que não me vou cansar de alertar para este facto: o Benfica precisa de Luís Filipe Vieira por muitos e longos anos. Voltarei ao assunto!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Maxi sim, Luisão, Javi e Martins não

Antes que as páginas dos jornais desportivos se inundem de prognósticos sobre o tabu do momento: vai o Benfica jogar no dragão, ou não?, o dilema é, por enquanto, saber se Maxi, Luisão, Javi Garcia e Carlos Martins devem ou não jogar contra o Paços de Ferreira, na próxima sexta-feira, na Luz, para a 9ª jornada da Liga.
As opiniões dividem-se, na base de cada cabeça sua sentença. Até sexta, é sabido que o assunto será o dia-a-dia do noticiário desportivo sobre o Benfica. O caso não é para menos e a sua delicadez merece reflexão. Castigados já com 4 amarelos, estes 4 jogadores nucleares/titulares do Benfica arriscam-se a não jogar (se o Benfica jogar) no dragão se virem mais uma cartolina dessa cor no jogo contra o Paços de Ferreira.
Colocando de parte a estupefacção que alguém, não conhecendo o futebol português, pode mostrar face a este substancial currículo disciplinar que o plantel do Benfica carrega, também nós podemos dar a opinião sobre o assunto.
Assim, Maxi deve jogar; Luisão, Javi Garcia e Martins não. Passo a explicar. Depois do Paços vem o Lyon para a Liga dos Campeões, antes do dragão. Maxi, na sua actual condição, precisa de ritmo, de jogo. E, se por qualquer motivo vir o amarelo contra o Paços, deve jogar com o Lyon - além de que não é imprescíndivel para o dragão.
Luisão, esse sim, é imprescindível, é a voz de comando e o líder, e não tem substituto à altura. Contra o Paços pode entrar Sidnei. Luisão é preciso contra o Lyon e contra o fcporto. Javi Garcia, por seu lado, a crescer de forma, é essencial - não deve jogar contra o Paços porque Airton já mostrou que não fica mal na fotografia. Martins também é daqueles que é preciso na máxima força contra o Lyon e contra o fcporto - para o seu lugar, contra o Paços, colocava Felipe Menezes ou Jara.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Copo meio cheio

Nada como recuperar a teoria do copo meio cheio ou meio vazio para comentar o trajecto do Benfica nestas 4 últimas jornadas. Jorge Jesus, ontem, no final do jogo contra o Portimonense, olhou para o copo e viu-o, como lhe competia, meio cheio – sublinhou que nas últimas 4 jornadas o Benfica não sofreu nenhum golo.
É verdade – 2-0 ao Sporting; 0-1 contra o Marítimo; 1-0 ao Braga; 0-1, ontem, face ao Portimonense. Quem quiser olhar o copo meio vazio sempre pode dizer que a veia goleadora do ano passado está mais esmorecida: as 3 últimas vitórias foram pela margem mínima, com um só golo marcado.
Da nossa parte, estamos com Jesus. A solidez defensiva é um facto e merece ser valorizada. Tirando as 3 derrotas nas 4 primeiras jornadas – culpas de arbitragem e de algum desnorte de Roberto – e o Benfica estava no 1º lugar, mesmo com um superporto.
Depois de uma frustrante campanha europeia, de que o jogo em Lyon é um exemplo a não repetir, o Benfica galopa agora na Liga nacional. Ainda não ao ritmo pretendido, mas já com uma consistência assinalável.
Com Coentrão e Cardozo guardados para o dragão e para o jogo da Champions, Gaitán vai mostrando arte e Roberto afinal é um “portero” de se tirar o chapéu. Na sexta, espera-se que o paços de ferreira seja só para cumprir o calendário.
Uma vitória mais dilatada que as últimas seria bom. Depois Champions e o jogo que pode decidir muita coisa no dragão. Ganhar estes 3 jogos é garantir Luz esgotada até ao fim.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Porquê Lyon e Schalke?

Quando Jorge Jesus, no início da época, prognosticou que o Benfica ia longe nesta edição da Liga dos Campeões, acredito que estava a dizê-lo com convicção. É certo que ainda não tinha perdido as esperanças de ficar com Ramires e que Gaitán seria o novo Di Maria, mas este discurso ambicioso de Jesus falha por outros motivos.
Gosto da arrogância discursiva do treinador do Benfica e admiro a sua postura corajosa. Tarimbado, como poucos, num futebol português que viveu muito de pelados, de carolas e de improvisos mais ou menos excêntricos, Jesus não temeu subir ao patamar mais alto.
Aí chegado, Jesus utilizou as armas que a “universidade da vida” lhe ensinou – marcou o terreno. Há alguns meses, em Nyon, na Suiça, junto aos mais consagrados treinadores mundiais – entre os quais, Mourinho e Ferguson -, Jesus fez saber que era “um catedrático do futebol”. Estou certo que o é.
Onde estão então as causas do, até agora, menos conseguido percurso do Benfica na “Champions”? Numa coisa tão simples, como complexa. Falta de experiência. Falta de experiência da equipa; falta de experiência do treinador.
Isso viu-se ontem, de forma flagrante, em Lyon, perante uma equipa que nos últimos 5 anos andou a lutar pelo acesso à final quase até ao fim. Da equipa do Benfica, apenas Luisão, Aimar e Saviola jogaram a “Champions”. O Benfica paga assim um afastamento de 5 anos da Liga Milionária, e paga-o caro.
Jorge Jesus está também a fazer o seu tirocínio na Liga dos Campeões. Mas, tal como a equipa, acredito que está a aprender rapidamente. Nos próximos dois jogos em casa, contra Lyon e Schalke, o Benfica estará bem mais preparado, principalmente mentalmente, para assegurar o apuramento para os oitavos-de-final, que carimbará em Telavive, contra o Hapoel.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Benfica social

Hoje é ganhar em Lyon, mais nada. E porque isso é claro, não se deve perder um segundo mais com evidências. Porque o Benfica é mais que um clube, o que quero realçar (e a que a comunicação social devia ter dado mais importância) é a cerimónia de homenagem que o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, fez aos 33 mineiros chilenos, na presença do embaixador do Chile, em Lisboa.
Não é a primeira vez que o Presidente do Benfica tem a ideia e a iniciativa de promover estas acções. Há alguns meses atrás, deslocou-se à Madeira para, em nome da Fundação Benfica, proceder à entrega de novas habitações a famílias que se viram privadas de um tecto em virtude da catástrofe natural que sofreram, aquando das inundações que assolaram a Ilha.
Luís Filipe Vieira (e voltarei ao assunto) aposta assim em lançar a imagem do Benfica em associação a eventos de carácter social. Talvez que, depois de tudo o resto que fez em prol da salvação desportiva e financeira do Benfica, este seja mais um aspecto a gravar a letras de oiro do seu consulado à frente do clube.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lyon e Portimão, umbilicalmente ligados

O Benfica joga na 4ª feira uma partida importante - não crucial, nem fundamental, nem decisiva, importante, apenas - para a Liga dos Campeões. É em Lyon, frente ao Olympique local, num estádio fatídico, por exemplo, para o Real Madrid, que nas últimas épocas ali tem caído com estrondo, sendo uma espécie de "besta negra" do conjunto agora dirigido por José Mourinho.
Para se ter uma ideia do poderio do Lyon, basta sublinhar que nas últimas 5 épocas na Champions, a equipa francesa atingiu as meias-finais, o ano passado, uns quartos de final e três oitavos de final, sendo elimanada por colossos como Barcelona, Bayern, Manchester United ou Milan.
Além disso, no actual plantel, está quase a espinha dorsal da selecção francesa, e nomes bem conhecidos como Lisandro e Cissocko, uma equipa temível, portanto, mais a mais no seu ambiente. Porém, estou convencido que o Benfica tem tudo para, como no ano passado, em Marselha, vergar o Lyon.
Não porque, ao contrário de anos anteriores, o Olympique esteja a fazer um campeonato medíocre, apesar de ter ganho na última jornada ao Lille, que ainda não tinha perdido para o "championat". Mas porque, a Champions ainda é um objectivo bem presente na cabeça de todos, na Luz.
O desaire em Gelsenkirchen, contra o Schalke já lá vai e as ilações tiradas são de molde a que os erros não se repitam. Por outro lado, o jogo da Taça, contra o Arouca, fez perceber que Kardec é um substituto à altura de Cardozo, lesionado.
O atacante brasileiro tem a oportunidade da sua vida. Cardozo ainda demora e Kardec pode encontrar agora o espaço que justifique a sua contratação. O potencial, como mostrou contra o Arouca, e Marselha, está lá e a continuidade de jogos pode catapultá-lo para a titularidade.
A juntar a Kardec, temos Gaitan também a começar a fazer esquecer Di Maria (se isso for possível, e Madrid aqui tão perto), e Salvio a pretender mostrar-se e mostrar serviço rapidamente, pelo que nada melhor que a Champions. Tudo a postos, portanto, para vencer o Lyon.
O desempenho em Lyon, aliás, influenciará, para o bem e para o mal, o jogo da jornada seguinte, a sempre complicada e histórica deslocação ao terreno do Portimonense. Até ao dragão, nem mais um ponto perdido é a palavra de ordem.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Os incendiários

O “velho” fc porto está de volta. A 3 semanas do fc porto – Benfica, cerram-se fileiras, acendem-se os archotes e compram-se as bolas de golfe. A “intifada” prepara-se, não na calada da noite, mas nas páginas dos jornais. À vista de todos para que não haja dúvidas de que os do dragão estão dispostos a ir até às últimas consequências.
Vilas-Boas (com ou sem hífen?) sai do seu registo moderado e num acto sem precedentes resolve atacar o presidente de um clube de futebol. Mais grave: o clube chama-se Sport Lisboa e Benfica e o Presidente é Luís Filipe Vieira.
Pelos vistos, naquela casa, não se sabe o que são as regras institucionais. Vilas-Boas não faz mais do que lhe mandam, claro, mas acaba de sujar o seu nome e a sua cara. O futuro dirá se este voluntarismo valeu a pena.
Rui Moreira, por sua vez, resolveu chamar Luís Filipe Vieira de “incendiário”, na sua coluna de hoje na "A BOla", sem atentar que são as suas atitudes e o que escreveu que são “instrumentos de guerra” e pretextos para todo o tipo de hooliganismo.
Bem sabemos que até aos dias que antecedem o fc porto – Benfica mais ou menos frases inflamadas virão a lume. A estratégia é conhecida e o objectivo evidente. Parafraseando Pinto da Costa: “não cairemos nessa esparrela”.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Solidariedade portista

Miguel Guedes, líder da banda Blind Zero e adepto do fc porto, substituiu, como o "O Inferno da Luz" tinha adiantado em 1ª mão no sábado, Rui Moreira, no Trio d´Ataque, na RTPN, que ontem foi para o ar. Não foi um Guedes muito á-vontade, não se sabe se por inexperiência, se pelo facto de Miguel Sousa Tavares (MST), ontem no seu artigo "Nortada" na A Bola, ter classificado qualquer adepto portista que se disponibilizasse a ocupar o lugar vago por Moreira de "vendido em estado de necessidade".
Sabendo nós que MST tem esta característica de rotular à sua maneira quem acha que se desvia do trajecto por si considerado justo, o facto é que minou à partida a prestação de Miguel Guedes. Acresce que, como é público, o fc porto, em comunicado oficial, disse que não apoiaria nenhum adepto portista que partilhasse o estúdio com António-Pedro Vasconcelos e Rui Oliveira e Costa. Assim, o que ofereceram a Guedes foi um presente envenenado. Bem pode este adepto portista sentir na pele a propalada solidariedade portista.

domingo, 10 de outubro de 2010

Um acto falhado

A RTPN, segundo notícias vindas a público, dispensou Rui Moreira, adepto do fc porto e comentador do programa desportivo "Trio d´Ataque". A notícia é surpreendente e a decisão é histórica e corajosa. As causas são, ao que sabemos, públicas. Rui Moreira, por quem tenho estima pessoal, abandonou o último programa de forma inusitada e inesperada, durante a intervenção de António-Pedro Vasconcelos.
O cineasta e comentador afecto ao Benfica, referia-se, na ocasião, às novas escutas do processo "Apito Dourado/Apito Final", dadas a conhecer no Youtube, em que se ouviam conversas comprometedoras para a transparência do futebol português em que intervinham Pinto da Costa, Pinto de Sousa, António Araújo, Valentim Loureiro, António Garrido, Antero Henrique, entre outras "personagens".
De forma brusca e intempestiva, Moreira abandonou o estúdio (embora esquecendo-se dos óculos em cima da mesa), deixando abananados Hugo Gilberto, moderador, e Rui Oliveira e Costa, o comentador sportinguista, mas não perturbando A-PV que continuou a falar, em termos moderados e civilizados sobre um assunto do maior interesse público.
Face à decisão da RTPN, julgo que Rui Moreira calculou mal as consequências do seu "protesto", talvez pensando que a estação de televisão pública não se "atreveria" a ir tão longe. Se esta decisão fizer escola, então Santana Lopes tem de ponderar bem uma réplica do seu abandono do estúdio da SIC N, depois de ter sido "interrompido" por José Mourinho.
O fc porto já veio dizer que não indica nem apoiará um qualquer representante que substitua Moreira, dando a entender que este era uma espécie de correia de transmissão (o que, justiça lhe seja feita, estava longe de ser verdade).
O que quer dizer que quem se sentar na cadeira antes ocupada por Rui Moreira não terá o beneplácito do "dragão" e ficará entregue a si mesmo. Dando por adquirido que alguém furará o boicote "azul e branco"decretado ao Trio d´Ataque, falta saber em quem recairá a escolha. (Aposto em Miguel Guedes, líder dos Blind Zero e comentador da Antena Um).
A lição a tirar deste episódio é só uma: quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele, pode acontecer que fique a uivar sozinho no deserto.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

LIDERANÇA E liderança

O Presidente do Benfica e o do Sporting deram entrevistas no mesmo dia. Luís Filipe Vieira falou de manhã à Antena Um; Bettencourt falou à noite na RTP.
Esta é, aliás, a única parte em comum entre as duas entrevistas – o seu timing -, tudo o resto é diferente e não coincidente. A análise destas duas intervenções é preciosa para quem quiser perceber o estilo e a forma de liderar destes dois homens, que estão à frente dos dois únicos clubes com base social de âmbito nacional (enfim, no caso do Sporting já começa a ser difícil dizer isto…).Tudo os separa.
E é nesta ausência de pontos de contacto que também se percebe e vislumbra todo um mundo de diferenças entre o Benfica e o Sporting. Nunca, como no presente, o Benfica se distanciou na forma e na substância do Sporting.
Os resultados desta estratégia estão à vista. O Benfica, nos últimos anos, recuperou a sua histórica liderança do futebol português e a sua respeitabilidade internacional. É hoje um clube que fundando-se nos seus pergaminhos históricos, recomeçou a amealhar títulos em todas as modalidades, prestigiando, de novo, o seu ecletismo único no Mundo.
O Sporting é um clube que definha, a cada dia que passa, sem militância, nem amor-próprio, numa espiral de decadência que não se sabe que dimensão trágica terá, mas acabará certamente mal.
Tudo isto, em síntese, está explícito no discurso dos dois presidentes. Luís Filipe Vieira assume com coragem uma postura de ataque aos podres do futebol português e fala sem receios. Não se refugia no politicamente correcto, nem nas artificialidades diplomáticas que só servem para mascarar a impotência. Sempre ao ataque na defesa do Benfica.
Bettencourt é o oposto: timorato, sempre na defensiva, sempre explicativo, sem garra, sem coragem, sem estratégia – o exemplo claro do que é hoje o Sporting.
Na voz dos dois líderes se percebe o destino dos dois clubes: o Benfica caminha pujante para recuperar a áurea dos anos 60; o Sporting caminha para uma “belenensização” sem glória.

Post-Scriptum: Um exemplo claro do que ficou atrás dito é a posição de Luís Filipe Vieira e de JEBettencourt em relação às novas escutas relacionadas com o processo “Apito Dourado/Apito Final” (que podem ser ouvidas por todos no Youtube, sem necessidade de fazer links).
O Presidente do Benfica não poupa nas palavras e diz o que é evidente: esta é a prova da falsidade do futebol português durante anos, e não deixou, ainda, de apontar, com coragem e razão, o dedo à “justiça”.JEB, por seu lado, quando confrontado com o assunto, refugiou-se nas “leis” e em “suposições”.
Enfim…, cada clube tem o que merece!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não precisa agradecer

Cumpridas 7 jornadas da Liga principal, parece que o futebol português virou um circo – são as novas escutas do Apito Dourado (já disponíveis no Youtube); são os erros de arbitragem, com Benquerença à cabeça; é o até agora circunspecto treinador do fc porto a perder a cabeça, depois de empatar em Guimarães, num jogo em que foi beneficiado; é o mesmo treinador a dizer que “viu” um penálti não assinalado contra o fc porto; depois diz que não “viu” mas lhe disseram que houve (se calhar os mesmos jogadores do fcporto que garantiram nunca terem feito nada no túnel da Luz, na época passada); é o mesmo treinador a vir pedir desculpa por, afinal, nenhum penálti ter ocorrido (vamos ver se os jogadores que lhe mentiram vão ser penalizados); é rui moreira a abandonar o Trio d´Ataque a meio da intervenção de A-PV sobre as novas escutas, mas a deixar ficar os óculos em cima da mesa (esquecimento ou mise-en-scéne?). Uff… e o que mais virá a seguir…
Ora, quando toda a gente espera com gritante ansiedade a nova conferência de imprensa de Vítor Pereira – o novo “must” da Liga principal -, podemos, desde já, começar a fazer o trabalho de casa do presidente dos árbitros, de forma voluntária e gratuita, quando ainda faltam 3 jornadas para a nova declaração pública.
Assim, nos últimos 2 jogos de jogos de Benfica e fc porto – os que interessam – o que se passou não deixa dúvidas. No Funchal, contra o Marítimo, o Benfica voltou a ser prejudicado pela arbitragem: para só falar dos casos gravíssimos, aí está mais um penálti (sobre Saviola) não assinalado a favor do Benfica.
Contra o Braga, na Luz, pergunta-se: como é possível que Vandinho tenha continuado em campo depois de entradas duras e sucessivas, num espaço de 10 minutos, sem qualquer cartão?
No caso do fc porto, deixando de lado outros casos em que o Vitória de Guimarães foi penalizado, pergunta-se: como é possível não ver o penálti sobre Edgar, cometido por Fucile, que assim devia ter visto o cartão vermelho?
E se Vítor Pereira ainda quiser fazer uma retrospectiva apanhado a jornada 5, lá terá de se debruçar sobre o penálti perdoado ao fcporto contra o Nacional, por mão na bola de Rolando, dentro da área portista.
Ficamos a aguardar as próximas jornadas, mas para já, Vítor Pereira já tem metade do trabalho feito. E não precisa de agradecer.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pela boca morre o peixe

Pela boca morre o peixe, diz o povo e é verdade. A prosápia de Domingos Paciência na conferência de imprensa antes do jogo de ontem, na Luz, foi um exemplo acabado da regra “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”.
Domingos, como se diz na gíria popular, teve garganta a mais e depois foi o que se viu. Um Braga fechadinho lá atrás, com 11 quase encostados á grande área, como uma vulgar equipa de 3ª divisão.
Onde estavam os galões de vice-campeã, de equipa da Liga dos Campeões e de candidata ao título? Só Domingos pode responder à pergunta: e onde estava o Braga que jogou no Dragão olhos nos olhos, aberto e em todo o campo?
Mas vamos ter de esperar sentados por este esclarecimento. O que sabemos foi que o Benfica dominou o Braga de alto a baixo – mais na 1ª parte, menos na 2ª – e podia e devia ter saído para o intervalo com uma vantagem confortável.
Aliás, começa a merecer atenção especial de Jorge Jesus a pouca eficácia concretizadora que o Benfica revela neste campeonato e mesmo na Liga dos Campeões. Duas últimas notas: Jesus construiu mais um grande jogador – Carlos Martins.
Martins, que estava praticamente “morto” para o futebol, é hoje um dos melhores jogadores portugueses. E se tudo lhe correr bem na sexta-feira na Selecção no jogo contra a Dinamarca, pode ser o começo para se tornar insubstituível.
Depois de Coentrão, Martins é outro grande achado de Jorge Jesus.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Que Benfica contra o Braga?

Com menos 24 horas de descanso + as viagens; menos Cardozo - que Benfica vamos ter domingo à noite contra o Sp. Braga? O Benfica que esfrangalhou o scp ou o Benfica que se esfrangalhou contra Nacional e Académica?
A diferença parece máxima mas é mínima. E está nos pormenores. O diabo, até ver, não veste de vermelho e está nos detalhes. No início era Roberto, agora é David Luiz, amanhã será outro qualquer. Ou não será nenhum.
A derrota com o Schalke vale o que vale = menos 800 mil euros e menos 3 pontos. A qualificação está bem ao alcance e só é preciso não perder em Lyon, na próxima jornada. Até lá, há que perceber o que vai na cabeça de Jorge Jesus: Coentrão à frente ou atrás? Salvio ou Gaitán? Martins ou Aimar? Jara ou Saviola?
São muitas as dúvidas e poucas as certezas. Uma delas é uma evidência: Kardec por Cardozo.Passe a ousadia de me meter na cabeça de Jesus, aqui vai - mais que um prognóstico, uma escolha: Roberto; Maxi, Luisão, David Luiz e Fábio Coentrão; Javi, Carlos Martins, Aimar e Salvio; Saviola e Kardec.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Deixem-nos sonhar!

Voluntaria ou involuntariamente, Jorge Jesus prestou, à sua maneira, uma singela mas bonita homenagem a José Torres. "Deixem-me sonhar" - a frase marcou uma época no futebol português e ficou como um dos soundbytes mais simbólicos dos últimos 30 anos.
Ontem, na conferência de imprensa, de lançamento do jogo 2 da fase de grupos da Liga dos Campeões, contra os alemães do Schalke 04, em Gelsenkirchen, Jesus imitou Torres. "Deixem-me sonhar", disse o treinador do Benfica.
Sabendo de antemão que Torres disse o que disse antes de um jogo decisivo para o apuramento para o Mundial de 1986, no México, em Estugarda, contra a invencível armada alemã - derrotada com um golão do nosso Carlos Manuel -, não deixa de ser curioso que hoje Jesus também vá defrontar uma equipa alemã, em solo alemão, onde o Benfica nunca ganhou. Deixem-nos sonhar!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Renovar para ganhar o futuro

Lembram-se de Artur Jorge? (que ideia, devem estar a pensar os meus leitores, este gajo agora vir com um gajo que nós não nos queremos lembrar tão cedo). Lembram-se, claro que se lembram - infelizmente!
Artur Jorge foi um grande jogador de futebol, na Académica e, principalmente, no Benfica. Foi dele a invenção do célebre pontapé de moinho.
Por venho hoje falar de Artur Jorge?! Já vão ver porquê...
Repito: Artur Jorge foi um grande jogador de futebol e melhor marcador do campeonato pelo Benfica. Porque é que, então, quando falamos de grandes ídolos e símbolos do Benfica, o seu nome nunca, mas nunca aparece?
Porque Artur Jorge delapidou, como mais nenhum outro, o capital de confiança e apreço que tinha na Luz. Será sempre lembrado pelos piores motivos. Quis, à viva força, ser treinador do Benfica e, na altura, disse que essa era a maior ambição da sua vida desportiva.
Chegou à Luz em 94/95 e, em poucos dias arruinou uma equipa campeã, com Toni. Dispensou Paneira, Isaías, Rui Águas e deixou "fugir" Yuran e Kulkov para o fc porto, entre outras trapalhadas. A Toni também deu com a porta na cara.
A partir daí foi o que se viu. Um quase deserto de títulos e uma travessia do deserto, que tem muitos outros culpados mas que tem em Artur Jorge o homem que mais contribuiu para uma década pouco digna da história do Benfica.
Hoje, o Benfica está muito diferente. Foi preciso muito trabalho e dedicação para recuperar o prestígio, a glória e a senda de vitórias. E um dos vértices do sucesso futuro está em fazer o contrário daquilo que Artur Jorge fez: segurar as nossas jóias da coroa.
A renovação dos contratos com Coentrão, David Luiz e Luisão é sinal de que o Benfica está em boas mãos e no bom caminho. Aprender com os erros do passado também é importante.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Roberto já dá pontos

A vitória do Benfica ontem na Madeira tem dois protagonistas especiais: Roberto e Capela. Quem é o segundo?, perguntam os meus fiéis leitores. E o Coentrão?, perguntam os mais informados. A resposta à primeira pergunta é fácil - Capela é o apelido do árbitro que "dirigiu" o jogo.
A resposta à segunda pergunta é mais complexa. Coentrão foi, na verdade, o homem do jogo, pelo que jogou, pelo golo que marcou - único golo de uma vitória injustamente magra.
Porém, quero sublinhar a exibição de Roberto - o guarda-redes espanhol já está a dar pontos, como nos prometeu Jorge Jesus. É certo que a exibição do Benfica foi convivente, mas a ineficácia na hora da finalização foi flagrante. Muitas oportunidades perdidas, um golo marcado e um resto de jogo sofrido.
E mais sofrido poderia ter sido se Roberto, ainda com 0-0, não tivesse, finalmente, uma ajuda divina, e com o calcanhar feito uma defesa impossível. Vá lá saber-se o que poderia ter acontecido se aquela bola tem entrado na baliza do Benfica.
Capela, o árbitro, foi também protagonista - pela negativa. Mais uma vez, o Benfica foi prejudicado pela arbitragem. Não só não admoestando os jogadores do Marítimo, como Roberto Sousa, com entradas sucessivas à margem das leis, como fechando os olhos a duas grandes penalidades contra o Marítimo, sobre Saviola e sobre César Peixoto - Capela poderia ter tido influência no resultado final.
Valeu Coentrão, e o seu grande golo. Mas o Benfica tem de continuar atento, sempre atento às arbitragens. E nunca mais cometer o erro de ficar calado perante a sem vergonha, a iniquidade e a desfaçatez. Já todos percebemos o que está a ser cozinhado por aí. Pelo menos, aqueles que continuam a manobrar na sombra em benefício do fc porto, saibam que vamos lutar até ao fim e que nunca mais ficaremos calados perante as injustiças.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Parte da solução ou do problema?

Vítor Pereira saiu da toca e da sombra.
Explicou-se e, por uma vez, esteve bem.
É certo que disse evidências.
É certo que fez mea-culpa.
Deu a cara e isso é positivo.
Mas é, apenas, um sinal.
Algo tem de mudar na arbitragem.
Vítor Pereira não disse nada sobre isso.
Como não disse nada sobre o que vai acontecer a Olegário Benquerença.
Como não disse nada sobre os erros clamorosos que têm existido noutros jogos.
Sempre beneficiando o mesmo clube, o fc porto.
Como não disse se a partir de agora está disponível para esclarecer o que houver para esclarecer.
Vítor Pereira deu o primeiro passo.
Faltam dar mais passos.
Em direcção ao futuro e a um futebol mais transparente.
E mais credível.
Vamos ver se tem essa coragem.
Vamos ver se Vítor Pereira quer fazer parte da solução.
Ou se quer continuar a ser parte do problema.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cardozo, para sempre!



Na última quarta-feira, escrevi aqui, após o jogo com o Hapoel de Telavive para a Liga dos Campeões, que Óscar Cardozo iria ser perdoado no domingo, da situação por si criada após o 2º golo que marcou aos israelitas.
"Domingo, estás perdoado!", intitulei o post, e parece que foi premonitório. Ontem, na Luz, Cardozo não mandou calar os adeptos, pelo contrário, colocou-os a viver uma enorme alegria e euforia. Os dois golos que marcou ao sporting foram vividos de forma intensa, dentro e fora do relvado.
A alegria imensa de "Tacuara", contrastando com o seu habitual semblante fechado, foi secundada pelos gritos de alegria dos adeptos. Uma comunhão que atira para longe a polémica reacção de Cardozo. Tudo está bem quando acaba bem.
Ontem, na Luz, para além de Cardozo, o Benfica mostrou que os jogadores caminham a passos largos para a forma física, anímica e técnica ideal. A partir de agora, tudo vai ser diferente! Para já, o sporting foi subjugado por uma exibição do Benfica categórica, concludente e imperial. Podia o sporting ter sucumbido a uma derrota histórica, uma goleada para recordar por muitos e bons anos, se muitas das oportunidades de golo tivessem concretizadas.
O título continua na mira e, se as arbitragens não nos penalizarem, tudo continua em aberto. Como ontem se viu, com arbitragens que não influenciem o resultados, o Benfica continuará na senda do bi-campeonato.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sorteio acaba com poder do Homem-Sombra



O que é que André Gralha e Olegário Benquerença têm em comum?
São ambos árbitros e foram nomeados para jogos do fim-de-semana passado onde participaram dois clubes com sede em Lisboa, Benfica e Sporting.
Para além disso, tudo o resto (o que se sabe, obviamente) são diferenças.
O primeiro, Gralha, tem 34 anos; Benquerença, 40.
O primeiro pertence à AF Santarém; o segundo à de AF Leiria.
O primeiro é um ilustre desconhecido, que começou a apitar em 1994; o segundo é uma “estrela”, árbitro internacional, árbitro FIFA, único árbitro português presente no Mundial da África do Sul e, qual cereja em cima do bolo, já foi homenageado pela AF Porto, a mais “poderosa” do país.
Ora, aqui chegados, e utilizando critérios de avaliação já em desuso mas aos quais lamentamos ter de recorrer por não conhecermos outros – Experiência, Mérito e Competência – era suposto; era, digamos, absolutamente definitivo, que Gralha fosse menos capaz que Benquerença; estivesse menos habilitado para cumprir as funções básicas da arbitragem: rigor, imparcialidade, conhecimento das leis do jogo, e – principalmente – ser imune a pressões, antes e durante os jogos.
O que vimos, porém, foi o contrário. André Gralha cometeu um erro grave, com influência no resultado, ao invalidar um golo ao Olhanense, contra o Sporting; Olegário Benquerença cometeu 4 (4!) erros graves, com influência directa no resultado – 2 fora-de-jogo assinalados ao Benfica e de golo iminente (o segundo resultou mesmo em golo), e 2 grandes penalidades não assinaladas e cuja evidência torna desnecessária qualquer argumentação.
Posto isto: que diferença faz termos um sistema de nomeação de árbitros, em que, supostamente, quem nomeia deve escolher os melhores, segundo critérios que vão desde a experiência ao bom senso, para os jogos mais importantes; ou um sistema de sorteio em que todos os árbitros de 1ª categoria estão habilitados para arbitrar qualquer jogo?
Que diferença faz ter André Gralha ou Olegário Benquerença?
Com uma vantagem: retirava-se o poder a quem nomeia (e Vítor Pereira já mostrou não ser merecedor desse poder) e evitavam-se os jogos de bastidores para escolha dos árbitros. Porque não, então, o regresso ao sorteio? Pior não ficava…

Post-Scriptum: Se isto não é assim, porque é que Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga (ilustrado na foto que publicamos, como o Homem-Sombra, não sai da sombra e explica os critérios de nomeação e se pronuncia sobre a torrente de erros e de cartões a prejudicar o Benfica?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Domingo, estás perdoado!



A vitória ontem do Benfica sobre o Hapoel Telavive, no primeiro jogo da Champions, ficou marcada pelo gesto de Óscar Cardozo, a mandar calar o público, após ter marcado o segundo golo. Antes, durante largos minutos, Cardozo foi assobiado sempre que tocava na bola. Julguei, por momentos, que se tinha transferido para um rival e não estava, como sempre esteve, na Luz a jogar de camisola vermelha vestida.
Não gostei do gesto de Cardozo, mas gostei e muito do seu segundo golo. Por isso, seria sempre incapaz de o assobiar após ter marcado pelo Benfica. Jesus fez bem em o defender no final, como o protegeu no ano passado quando falhou uma série longa de grandes penalidades e continuou a marcá-las. Cardozo fez bem em pedir desculpas no final. Tudo está bem quando acaba bem. Isso é certo, mas é preciso perceber que Cardozo é uma pessoa especial.
Faz-me lembrar o saudoso e eterno José Torres, pela altura, pelo jeito desengonçado, mas também pelos golos (e são muitos) que marca. Depois de um Mundial algo frustante, Cardozo regressou a marcar na pré-época, mas ainda não está a 100% e precisa de ser acarinhado, talvez como mais nenhum outro jogador do Benfica. Jesus sabe disso e, por isso, os assobios nunca são bons quando atingem o nosso Benfica e são protagonizados por benfiquistas. Quando isso acontece com Cardozo, pior ainda. Que este tenha sido um episódio passageiro e que domingo Óscar Cardozo seja recebido com uma ovação e retribua com golos. Muitos!

domingo, 12 de setembro de 2010

Para acabar de vez com o reino das trevas

Vamos a factos: o Benfica tem sido brutalmente prejudicado nestas 4 primeiras jornadas da Liga Zon Sagres. Podem dizer que isto não é um facto, que é uma opinião, que eu insisto: é um facto!

Contra a Académica, contra o Nacional, contra o Guimarães (meu Deus, que desastre de arbitragem!) a equipa do Benfica foi torpeada, boicotada, prejudicada, fustigada pelas arbitragens.

Podem dizer, e eu aceito, no ano passado, mesmo quando isso acontecia, o Benfica ganhava. Ok, é verdade! Mas agora, quando a equipa ainda tentava adaptar-se às ausências de Di Maria e de Ramires, quando ainda estava a integrar os 7 “mundialistas” que chegaram quase em cima do início do campeonato, não era necessário o empurrão de arbitragens encomendadas, hostis, prejudiciais.

Vamos a factos, então: nestas primeiras 4 jornadas, o Benfica já foi penalizado com 20 cartões amarelos e 1 vermelho – 21 cartões no total, o que dá uma média de 5,3 cartões por jogo, ainda sem ter jogado com fc porto e Sporting.

Em idênticas jornadas, o fc porto somou 8 cartões amarelos, 2 por jogo, e já jogou com o Braga, vice-campeão da época passada; e o Sporting tem 9 amarelos, menos de metade dos do Benfica. Estranho, não é?

Mas mais estranho fica se olharmos com atenção para toda a época passada. Em 30 jogos, com o Benfica campeão e onde todo o país viu uma equipa a jogar um futebol de ataque, total e de domínio quase absoluto, o que verificamos?

O Benfica somou 74 amarelos, 1 duplo amarelo e 2 vermelhos, no total 77 cartões, o que dá uma média de 2,6 cartões por jogo; o fc porto foi o clube menos penalizado de todo o campeonato da época passada, e ficou em 3º, com apenas 60 cartões amarelos e 3 duplos amarelos, nenhum vermelho directo, o que dá uma média de 2,1 cartões por jogo, a média mais baixa de todo o campeonato.

Face a esta realidade recente e passada, onde se prova que o Benfica foi campeão mesmo com a sanha penalizadora dos árbitros a carregarem a equipa de cartões amarelos e vermelhos, é preciso lançar hoje e agora um debate nacional e alargado sobre a arbitragem.

O Benfica tem de exigir esse debate em nome da transparência da arbitragem, em nome de um futebol digno e limpo, em nome de uma indústria que se quer credível para angariar mais receitas.

Vítor Pereira tem de sair da sombra e dizer se quer debater os critérios de nomeação dos árbitros. É incompreensível que Olegário Benquerença, árbitro FIFA, único árbitro português no Mundial da África do Sul, (árbitro que num célebre Benfica – fc porto não viu uma bola rematada por Petit entrar na baliza de Baía), tenha sido escolhido para o Guimarães – Benfica e não para o fc porto – Braga, considerado o jogo da jornada. Vitor Pereira tem de explicar-se perante a opinião pública.

Como tem de explicar porque é contra a introdução das novas tecnologias no futebol. Talvez que se as novas tecnologias já estivessem em funções fosse possível verificar a tempo as grandes penalidades sobre Aimar e Carlos Martins e os fora-de-jogo mal assinalados a Saviola e a Cardozo.

Como tem de explicar porque é que não se debate a nomeação de árbitros estrangeiros para determinados jogos. Como tem de explicar porque é que não se pode regressar ao sorteio puro.

Eu acho que o Benfica tem de defender o regresso ao sorteio puro. Já se viu que árbitros internacionais (Benquerença) não oferecem mais garantias que outros menos conhecidos. Ou seja, é preciso um debate urgente, esclarecedor e que acabe de vez com o reino das trevas no futebol português.

Uma última palavra para os benfiquistas. O Benfica tem de ser apoiado em massa no Estádio da Luz, já terça-feira contra o Happoel, para a Liga dos Campeões, e depois contra o Sporting para a Liga. O Estádio da Luz é a nossa casa e é para lá que os benfiquistas de todo o país devem dirigir as suas energias e as suas receitas.

Nós sabemos que somos a galinha de ouro do futebol português. Sabemos que os nossos adversários só fazem grandes receitas quando jogam contra nós. Vamos, por isso, dar-lhe a provar o fel de menos receita (até porque estamos em tempos de crise económica) e privilegiar as nossas idas ao Estádio da Luz.
Post-Scriptum: O Benfica, através da palavra do seu Presidente, vai tomar uma posição pública sobre o que se está a passar no futebol português neste momento. Eu espero que depois de Luís Filipe Vieira falar, com a força da sua liderança e da sua autoridade moral, nunca mais o Benfica se cale enquanto o futebol português não introduzir reformas de fundo. O mundo benfiquista e o futebol português devem estar atentos àquilo que o Presidente do Benfica vai dizer em breve.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A bofetada de "luva branca" de LFV


"Não vamos baixar o nível da entrevista". Luís Filipe Vieira, com esta frase dita em directo a Rodrigo Guedes de Carvalho, no Jornal da Noite de hoje, deu a resposta mais contundente, mais eficaz, mais dura, que até hoje foi dada ao presidente do fc porto.
A pergunta trazia a polémica atrelada e visava obter uma resposta de Vieira ao ataque que o presidente do fc porto tinha feito à equipa do Benfica, apelidando-a de "um bando de caceteiros". O Presidente do Benfica foi digno do lugar que ocupa e pediu ao jornalista da SIC para "não baixar o nível".
Mais do que o reforço da confiança em Roberto e em todo o plantel, mais do que a revelação de que Mantorras deverá abandonar o futebol e ocupar um lugar de relevo no Benfica, mais do que a censura ao secretário de Estado do Desporto, esta frase marcou o discurso de Luís Filipe Vieira, porque foi uma frase "à líder do Benfica".
Para o final, Vieira guardou também duas tiradas de ouro. A primeira para pedir a eliminação da violência nos estádios de futebol, lembrando o que se passou na época passada no dragão, sem se referir concretamente ao estádio do fc porto. A outra para pedir arbitragens sérias e rigorosas, para que "não se repita o que se passou nas primeiras jornadas", numa alusão discreta mas contundente aos benefícios de arbitragem que o fc porto obteve nos jogos com a Naval e com o Rio Ave.

EXCLUSIVO: OPINIÃO A-PV

No dia em que o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, dá uma entrevista à SIC, no Jornal da Noite, e a 3 dias de um jogo crucial, em Guimarães, para a Liga, publico, com a devida autorização e a devida vénia, um significativo e incontornável texto que António-Pedro Vasconcelos me enviou, ainda na ressaca do meu texto intitulado "11 pecados capitais".
Para reflexão de todos os benfiquistas.



Caro amigo Pedro Fonseca,

No essencial, o Luís Filipe Vieira, no ano passado, e até ver, fez as escolhas certas, no treinador e na política de "endividamento" para comprar jogadores e constituir um plantel de futuro. Mesmo o Fundo pareceu uma boa ideia.

Eu, que fui crítico durante muitos anos do desnorte, dos ataques soezes aos “críticos”, da forma como foram convocadas as eleições, dos disparates em matéria de política de futebol (falta de rumo, entra Veiga, sai Veiga, carrocel de treinadores, fuga para a frente com a nomeação do Rui Costa, disparate do Rui quando recusou o Jesus, etc), acho que neste momento o Luís Filipe Vieira deve ser apoiado, quase diria incondicionalmente. Como o Jesus e o próprio Rui Costa, por mais neutro que seja hoje o seu papel.

Começar a contestar o Jesus (ninguém é perfeito e ele esteve mal na maneira como dispensou o Quim, por exemplo, mas é o melhor treinador que se poderia encontrar para o Benfica, no país e arredores), só porque o Benfica perdeu a Supertaça e dois jogos no campeonato, com toda a roubalheira dos árbitros, a que estamos a assistir, nos jogos do Benfica e do rival, é dar tiros no pé.

Sobretudo enquanto não houver transparência, fair-play, isenção nos jogos da Liga e enquanto o "homem da fruta" continuar a dominar a arbitragem e a disciplina, como tudo indica voltou a acontecer. E se há um pecado do Vieira é ter apoiado o empregado do Oliveira.

Mas a vozearia que eu ouvi e li de benfiquistas que, de um dia para o outro, criticam tudo e todos, e sobretudo as críticas ao Jesus (ninguém é perfeito nem imune à crítica, mas que diabo!, não têm olhos para ver? Os mesmo que apoiaram treinadores que destruíram anos a fio a filosofia de jogo do Benfica - jogar sempre para ganhar - e minaram a acção do Fernando Santos, o primeiro em muitos anos, que, sem jogadores e sem o apoio do Presidente nem do público, pôs o Benfica a jogar como joga hoje!), são agora lestos a denegrir a personalidade e as capacidades do treinador?! E a política de contratações, por causa de um guarda-redes que foi considerado o melhor da 2ª volta da Liga espanhola?! O David Luiz foi uma má contratação? O Javi, o Aimar, o Saviola, o Di Maria, o Ramires, o Fábio Coentrão, o Carlos Martins, mesmo o Weldon, o Airton e Kardec, para não falar de alguns que vieram este ano, foram más contratações?!

Haja juízo, bom senso, serenidade e muito benfiquismo. Se não ganharmos este ano, volta tudo para trás e arriscamo-nos a penar mais 20 anos! Tem visto os jogos? Apesar de tudo, somos de longe quem joga melhor futebol. O Braga é uma lástima, joga como as equipas do meio da tabela, o “Sportem” do Bettencourt, Costinha e Paulo Sérgio (que mistura explosiva!) nunca mais se vai endireitar. E o Villas-Boas é uma fraude, vai ver.

Só tenho medo de três coisas: da violência/intimidação no estádio do Dragão e clubes satélites (como o ano passado em Braga e em Olhão, por exemplo), das vigarices na arbitragem e disciplina e... dos adeptos do Benfica, que se vão abaixo à mínima contrariedade e que começam a escrever barbaridades nos blogues que minam a confiança na (e da) equipa e dão armas ao inimigo.

Dito isto, aprecio a sua franqueza que sei que é ditada exclusivamente pelo seu benfiquismo!

Viva o S.L.B.!

A-PV

domingo, 5 de setembro de 2010

Os rostos da iniquidade

O Governo e a Federação primaram pela ausência no funeral de José Torres, ontem realizado. Quando escrevo Governo, quero referir-me a Laurentino Dias, o secretário de estados do Desporto, que nos últimos dias se desdobrou em conferências de imprensa (mas não teve a coragem de se explicar em frente de um jornalista consagrado como Rodrigo Guedes de Carvalho). Quando escrevo Federação, quero referir-me a Gilberto Madaíl, o presidente da dita, agora sem utilidade pública.
Nem um nem outro mandaram representantes, talvez porque ninguém queira representar figuras de tal "estatura" moral, cívica, política e pessoal. Mas há outra explicação que pode ser avançada em defesa de Laurentino e Madaíl: nem um nem outro sabem quem foi José Torres.
Ora, aqui chegados, questiono-me: o que ainda estão a fazer nos seus lugares estes homens(!?)? No país da falta de vergonha; no país das indignidades, das impunidades e da ignorância atrevida, Laurentino e Madaíl são apenas mais dois exemplos do estado a que isto chegou.
Eça, no seu tempo, diria que bastavam algumas bengaladas para tratar da afronta. Hoje, não sei e tenho dúvidas. A irresponsabilidade, a leviandade, a incompetência, destes dois homens será, sem dúvida, o seu manual de sobrevivência. E assim vamos, cantando e rindo!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Um Gigante soco na nossa memória colectiva


Morreu José Torres, o Bom Gigante. Aqui fica a minha singela homenagem a um dos meus ídolos de infância. Torres fez parte de uma das melhores linhas avançadas de sempre, com Eusébio, Coluna, Simões e José Augusto. Que os adeptos e a Selecção respeitem hoje, em Guimarães, a memória de um símbolo nacional que também foi seleccionador. Adeus e obrigado José Torres!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Só fazem falta os que ficam

O mercado de transferências fechou há poucas horas. Nenhum dos 3 grandes fez qualquer contratação de última hora. Di Santo fugiu de Alvalade para o modesto Wigan; Hleb fugiu da Luz para o menos modesto Birmingham; o fc porto arrecadou os milhões por Meireles e não deu a Vilas Boas o novo avançado que este esperava.

No caso do Benfica, a lista de possíveis entradas é longa. As mais credíveis eram Hleb e Maylson. Jesus ficou sem nenhum deles para o lugar de Ramires. Numa altura em que o calendário vai apertar, com os jogos em Guimarães e a recepção ao Sporting, assim como o arranque da Liga dos Campeões, esta decisão da SAD pode querer dizer muita coisa.

Para já, Jesus tem de se haver com o que tem, pelo menos durante mais quatro meses, antes de reabrir o mercado em Janeiro. Até lá, o que se espera é que coloque o Benfica lá em cima, em termos de Liga, e que comece a abrir as portas dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Os grandes treinadores vêm-se assim…

domingo, 29 de agosto de 2010

Buscar a vida ao fundo do poço

Há quem não acredite em “brujas”, pero que las hay las hay. Roberto faz questão de continuar na crista da onda da actualidade do Benfica e nas bocas dos adeptos. Desta vez pelos melhores motivos.

Dizem os crentes que as coisas que não se explicam são obra do divinoi, de algo sobrenatural, que nos transcende, que não exige explicação racional, mas apenas fe´. Foi essa fe´ que guiou as mãos de Roberto para a bola batida por Hugo Leal, do V. Setubal, no jogo de ontem na Luz, o 3º no campeonato.

O jogo tinha começado bem. Com um Benfica rápido e a marcar cedo, num centro brilhante de Gaitan e numa cabeçada sensacional de Cardozo. Mas a malapata parecia regressar. Quase sobre a meia-hora, desentendimento entre Maxi e Julio Cesar – penalty contra o Benfica e expulsão do guarda-redes brasileiro.

O céu desabava sobre a Luz, sobre Jesus, sobre o Benfica e sobre os benfiquistas. No banco de suplentes, Roberto levantou-se, calçou as luvas, deu um abraço forte a Julio Cesar, dirigiu-se para a baliza sem aquecer e defendeu o penalty.

E ainda dizem que Deus e´ brasileiro?

Jesus ficou louco de alegria. As bancadas da Luz em ebulição. E tudo pode ter tornado ao principio. Um simples momento pode mudar o destino de um campeonato. Mudou este.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O "efeito" Mantorras



Jorge Jesus chegou `a Luz pela mão de Luis Filipe Vieira. Uma decisão acertada. Depois do “flop” Quique Flores; depois de Koeman, mais preocupado com a sua imagem, depois de Trapattoni, o treinador do futebol cinzento, apesar de campeão, o Benfica tinha de regressar `as origens, ou seja, a recomeçar tudo de novo para dominar o futebol português.

Nem Quique, nem Koeman, nem Trapattoni, nem mesmo Camacho ou Fernando Santos (já campeão no fc porto) estavam para ai virados. Jorge Jesus, sim. Era a hipótese de uma vida para quem tudo tinha dado ao futebol e a quem o futebol pouco ou nada tinha dado.

Jesus passou ao lado de uma grande carreira de jogador. E estava a passar ao lado de uma grande carreira de treinador. O Benfica era o sonho “impossível”. Vieira, vizinho e amigo, deu-lhe a oportunidade.

Apesar da pouca preparação académica, Jesus tem uma tarimba como poucos. Ao chegar `a Luz, sabia que naquela complexa estrutura, mais a mais tendo de lidar com Rui Costa, um homem com mais mundo e outro perfil, tinha de marcar rápido o seu terreno.

O alvo foi Mantorras. Treinadores a fio, dos mais carismáticos, aos mais experientes, foram incapazes de tocar em Mantorras. Jesus não hesitou, apenas para mostrar quem mandava no futebol.

O “efeito” Mantorras, pouco explorado mediaticamente dada a época vitoriosa, ainda esta´ por apurar. Quanto a Jesus, esta medida passou a mensagem de que o treinador não aceitava situações dúbias, num mundo altamente competitivo e profissional. E passou a mensagem ao grupo que Jesus era um líder e um homem corajoso.

Não sei se Jesus conversou o “caso” Mantorras com o Presidente. O que sei e´ que se Jorge Jesus tomou uma decisão onde outros a evitaram, devia ter explicado publicamente o afastamento de Mantorras.

Assim como a não integração do goleador angolano no ultimo jogo de consagração.

Ainda hoje esta situação esta´ por definir e não ajuda nada a estabilidade do balneário.

Mantorras e´ um símbolo. E assim deve ser tratado.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

11 pecados capitais

Depois de largos dias longe de Portugal, dos engenheiros relativos, dos economistas de pacotilha e dos pobres de espírito, regresso ainda com o panorama desportivo absorvido pelo “caso” Roberto.

Durante estes muitos milhares de quilómetros de distancia, minto se dissesse que não tive o feed-back dos estilhaços das bombas que iam rebentando no Estadio da Luz, `a custa dos deslizes do portero espanhol.

Entre sms e reacções mais ou menos inteligíveis, fui-me apercebendo do que se passava. A distancia encerra muitas vantagens. Uma, longe de um pais de opereta e de mentes mais ou menos provincianas e saloias, daquelas que quase nunca passaram para alem de Badajoz, pode melhor reflectir-se sobre a nossa pequenez.

De repente, cai-me nas mãos o artigo de ontem de Fernando Guerra, na BOLA. Li e não quis acreditar. Fernando Guerra, jornalista serio, credível, competente e rigoroso, não poupa nas palavras. Porque?

Aproveito os seus 5 pecados capitais, que aponta a Jesus, para escrever sobre os pecados capitais (bem mais de 5) deste inicio de época menos feliz do Benfica.

1 – A infeliz entrevista de Jesus na RTPN, onde “despede” Quim. Foram vários erros numa declaração. O primeiro e mais grave: uma decisão deste tipo tem de ser primeiramente transmitida ao Presidente. O segundo: o jogador devia ser informado pessoalmente. Terceiro: ao agir assim, Jesus perdeu algum respeito no balneário;

2 – Jesus demonstrou uma soberba exagerada, apos o titulo. Ocupou todo o palco mediático, relegando para segundo plano, Luis Filipe Vieira, o maior obreiro do titulo, Rui Costa e os jogadores;

3 – Vieira deu tudo a Jesus. Deu-lhe a hipótese de ser campeão, algo com que o técnico, já com 55 anos e muitos de futebol, talvez já não sonhasse (Cajuda, por exemplo, nunca teve essa hipótese). Na hora da vitoria, Jesus olhou demasiado para o umbigo;

4 – Vieira percebeu esse andar nas nuvens e lançou um aviso `a navegação: verdadeiros campeões não ganham so uma vez, disse no Brasil. Destinatarios: Jesus, não os jogadores;

5 – As saídas de Di Maria e de Ramires foram excelentes negócios para o Benfica. O primeiro teve um fraco Mundial, o segundo deitou tudo a perder com a expulsão frente ao Chile e o castigo frente `a Holanda. Mesmo assim, o encaixe foi fabuloso. Mas a dinâmica no mercado podia ter sido mais eficaz. Culpado(s)? Jesus, em primeiro plano, Rui Costa, em segundo plano;

6 – Gosto de Jesus, aprecio o treinador, respeito e admiro o homem que sublu a pulso no mundo complicado do futebol ate ao estrelato, sem ajudas e sem padrinhos. Mas o deslumbramento e´ fácil e Jesus caiu nele. Ainda esta´ a tempo de arrepiar caminho;

7 – A chegada a conta gotas dos mundialistas foi mal gerida. Cardozo não pode chegar e entrar de caras, passando um atestado de incompetência a Jara, Weldon, Nuno Gomes, Kardec (embora este estivesse lesionado); Luisao, como capitão, devia ser mais contido nas palavras de reivindicar melhor salário; Carlos Martins não pode ser utilizado como titular em quase toda a pré-epoca e depois relegado para o banco nos jogos oficiais;

8 – A par disto, e não há como escamotea-lo, as arbitragens tem sido gravosas. Se Jesus não lhe quer apontar o dedo (sabe-se la porque), então que alguém o faça, em nome da verdade e dos superiores interesses do Benfica;

9 – Luis Filipe Vieira merece ser bicampeão, tricampeão, tetra e penta. Não pode e´ estar em todo o lado e percebe-se que quando não esta´ a coisa corre mal;

10 – Jesus precisa de voltar a ser o Jesus da época passada. Muito interventivo junto `a linha, sempre activo. Ou sera´ que lhe serve ganhar uma vez?

11 – Como se verifica, Roberto e´ so´ a ponta do iceberg.

(Peço desculpa aos meus leitores, mas o computador, se calhar por falta de uso, resolveu não acentuar algumas palavras, algo ja visivel em textos anteriores. A correcção segue dentro de momentos).

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Percalço inocuo

Ok. Desilusao. Mas nada de dramatismos, nem de angustias. Trataou-se apenas de mais um jogo de pre-epoca transformado em trofeu oficial. Alias, um trofeu menor. Um ensaio que nao foi mais que uma etapa no planeamento e gestao de uma epoca que visa o bi-campeonato e um grande percurso na Liga dos Campeoes.
Uma derrota, enfim, que ate vem em boa altura. Para observar lacunas e reflectir na melhor maneira de as ultrapassar. O regresso recente dos mundialistas, a resoluçao que tarda do "caso" Roberto, as substituiçoes ainda por fazer de Di Maria e Ramires, sao os itens a solucionar ate ao fim de agosto.
A derrota na Supertaça nao passa de um graozinho de areia na engrenagem. Uma engrenagem ja oleada mas que convem ir mantendo com o dinamismo e a motivaçao do ano anterior. O sistema de jogo esta ainda por consolidar e Jesus tem testado o 4-3-3 da epoca passada e o 4-4-2, com Jara.
Airton em vez de Javi tambem foi equacionado, mas face ao colapso do brasileiro em Aveiro, o espanhol deve retomar o seu lugar contra a Academica.
Por isso, para o primeiro jogo do campeonato nao ha que enganar: Roberto; Maxi, Luisao, David Luiz e Coentrao; Javi, Martins, Aimar e Jara; Saviola e Cardozo. Depois, novos reforços serao equcionados.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Duas entrevistas, a mesma perspectiva




Duas entrevistas marcaram os últimos dias do panorama mediático português. Não, não estou a referir-me à que o PGR, Pinto Monteiro, deu ao DN, mas às entrevistas dadas por Luís Filipe Vieira à Benfica TV e por José Mourinho, ao Record.
O que é que elas têm em comum? A convicção de ambos de que o Benfica tem tudo para retornar ao topo do futebol europeu. Podem dizer-me que tal constatação, nas palavras do Presidente do Benfica, é natural. Errado. Luís Filipe Vieira é e sempre foi um homem pragmático, objectivo, rigoroso.
Nunca embandeirou em arco, nunca foi adepto das grandes proclamações, nunca privilegiou a demagogia e a venda de ilusões vãs. Por isso, quando diz que este ano os objectivos são os mais elevados de sempre, é preciso perceber que o líder da Luz está a dizer que tudo fará para apetrechar a equipa e dar a Jorge Jesus o melhor.
Na verdade, José Mourinho vem, talvez involuntariamente, dar razão a Luís Filipe Vieira. Quando o agora treinador do Real Madrid diz que o Benfica vai lutar pela Champions e tem tudo para ser, de novo, campeão, é a constatação do trabalho, do reforço do plantel, do esforço para manter as pedras mais valiosas, que ele, Mourinho, vê ser realizado ao mais alto nível na Luz.
Vieira e Mourinho afinam, assim, pelo mesmo diapasão: o Benfica está a construir uma grande equipa. E, se calhar, na cabeça dos dois, vai um sonho capaz de ser realizável: uma final da Champions entre Benfica e Real Madrid.
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