sexta-feira, 29 de maio de 2009

A triste figura da CMVM

A CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) resolveu suspender a negociação bolsista das acções do Sport Lisboa e Benfica com base numa notícia de jornal. O caso tem a ver com a eventual contratação do treinador do Sporting de Braga, Jorge Jesus, para substituir o actual treinador espanhol do Benfica, Quique Flores.

Em todo este processo da substituição de treinador no Sport Lisboa e Benfica, este incidente com a CMVM é aquele que me suscita maior reflexão e maiores preocupações.

A era das SAD no futebol português foi-nos “vendida” como a panaceia para todos os males da gestão amadora e irresponsável dos clubes de futebol. No Benfica, o processo iniciou-se mal com a liderança de Vale e Azevedo.

Luís Filipe Vieira e Manuel Vilarinho colaram os cacos e deram um rumo ao clube. Vieira credibilizou e estabilizou e fez cotar as acções do Benfica em Bolsa. (é curioso notar que mesmo em crise desportiva, as acções do Benfica têm tido um desempenho mais coerente do que a cotação das acções do FC Porto e Sporting, sinal dessa credibilidade).

Com esta atitude, a CMVM dá um lamentável e grave tiro no pé, lançando a confusão e aleatoriedade num sistema que se deve reger pelo rigor, pela transparência e pela credibilidade.

Agora, para manter a coerência, a CMVM tem de mandar suspender as acções do FC Porto se amanhã um qualquer jornal disser que o futuro treinador do FC Porto não vai ser Jesualdo Ferreira, ou suspender as acções do Sporting se vier à estampa que Eriksson irá substituir Paulo Bento.

E as empresas, que tipo de comportamento podem esperar agora da CMVM? Os jornais da manhã podem reservar tantas surpresas…

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Antena Aberta

A RTPN / RDP – Antena 1 fez-me um simpático e honroso convite para participar no programa “Antena Aberta”. Em jeito de fórum, este programa é um estímulo à intervenção e participação dos telespectadores e dos ouvintes, possibilitando uma auscultação da opinião pública.
A questão era: “Quique Flores é o treinador que convém ao Benfica para a próxima época?”. Antes de terem aberto a antena, colocaram-me a pergunta. A minha resposta foi: Não. E elenquei uma série de situações que me levam a ter esta opinião.
Situações que tenho vindo a tornar públicas nos diversos espaços de opinião que frequento: aqui, neste blogue, no blogue Novo Benfica e no programa “A Bola é Redonda”, do Porto Canal. São, portanto, argumentos conhecidos.
Mas, se não houvessem esses argumentos, que impõem a substituição do treinador para a próxima época, Quique está a dar aos adeptos e ao Benfica um grande argumento para o mandar embora.
Este braço de ferro que o senhor Quique Flores – que agora até envia a sua advogada para falar com Rui Costa – está a manter com o Benfica é não só uma provocação barata como uma falha de carácter.
Diz Quique que exige respeito e que as notícias da vinda de outro treinador o fizeram sentir-se traído. O espanhol tem memória selectiva e esquece-se das notícias que ao longo da época saíam em Espanha e que o dava como cobiçado por diversos emblemas espanhóis. Assim como se esquece de uma entrevista que deu em que abria a porta a um regresso a Espanha, ainda o campeonato não tinha chegado a meio.
Os adeptos benfiquistas que participaram na Antena Aberta mostraram-se divididos. É natural e é saudável. O Benfica sempre foi um enorme clube democrática, pelo que a divergência de opiniões é algo com que convivemos bem.
Convém no entanto dizer que muitas das opiniões favoráveis a Quique devem-se ao facto deste ter tido a preocupação de cuidar bem da sua imagem junto da opinião pública, muitas vezes em detrimento da solidariedade para com o clube que lhe paga.
Talvez que agora, com este comportamento, tenha caído a máscara de Quique Flores junto dos adeptos do Benfica. Agora fica claro que o treinador espanhol só pensou em si. E esta de mandar a advogada falar com Rui Costa não lembra ao diabo.
Post-Scriptum: São lamentáveis as declarações de jogadores do Benfica sobre a questão do treinador. E é inacreditável que ninguém ponha cobro a isso. Toda a gente tem direito à sua opinião, mas num clube de futebol organizado e de dimensão mundial as coisas são muito claras: os dirigentes para tomar as decisões, os treinadores para treinar, os jogadores para jogar. E ponto final!

sábado, 23 de maio de 2009

Ramires "impõe" carta à torcida

Não sei se é inédito, mas que não é vulgar não é. O presidente do Cruzeiro sentiu necessidade de escrever à torcida celeste do clube brasileiro para justificar a transferência do "volante" Ramires para o Benfica. O facto pode suscitar muitas opiniões e especulações, mas uma coisa é certa, se o homem não fosse craque de verdade, quem é que se importaria? Leia aqui a carta de Zézé Perrella e tire você as conclusões.

É tempo de emalar a trouxa e zarpar

Benfica – 3; Belenenses – 1 (30ª e última jornada da Liga). De novo 3-1, após idêntico resultado na jornada anterior em Braga. Seis golos marcados e dois sofridos nestas duas últimas jornadas. Desta vez, na Luz, contra o Belenenses, a diferença esteve no facto da equipa ter entrado a perder, ao contrário de Braga.

A nota principal foi que os adeptos, mais uma vez, marcaram presença. Quase 31 mil na Luz, num jogo que já nada acrescentava à classificação final.

Ainda não é a altura de fazer o balanço, mas fica esta nota: o Benfica perdeu 7 pontos com as duas equipas que foram despromovidas: Belenenses e Trofense. Hoje, Quique fez regressar Maxi ao seu lugar durante toda a época (em Braga o uruguaio começou como médio defensivo), e que jogão fez!!!

A linha defensiva não teve surpresas, com Luisão no lugar de Miguel Vítor; o meio-campo viu regressar Carlos Martins, em detrimento de Ruben Amorim, castigado; e Urreta substituiu Reyes; e apareceu, de novo, Pablo Aimar, no apoio a Óscar Cardozo.

Aliás, uma das principais curiosidades deste jogo era saber se Tacuara conseguia o seu primeiro hat-trick, ascendendo assim à liderança da Bola de Prata e alimentado a esperança de poder suceder a Rui Águas como vencedor benfiquista do troféu, já lá vão 14 anos.

O que se pode dizer sobre este aspecto é que a equipa falhou rotundamente. Não por culpa de Cardozo, que ainda na primeira parte, e com o Belenenses a jogar com 11, deu o melhor seguimento a um cruzamento perfeito de Maxi Pereira. Também não foi por culpa dos alas, Urreta na direita e Di Maria na esquerda, que conjuntamente com Jorge Ribeiro, tentaram, através de centros atrás de centros, municiar, embora nem sempre da melhor maneira, Óscar Cardozo.

O problema centrou-se, mais uma vez, na lentidão com que o Benfica processou o seu jogo. Mesmo a jogar contra 10, depois da justa expulsão de Saulo por agressão a Di Maria, o Benfica foi incapaz de jogar mais rápido e fazer mais golos.

É incompreensível, nesta situação a manutenção de um duplo pivot no meio-campo (Katsouranis/Carlos Martins; Katsouranis/Fellipe Bastos). Como foi incompreensível a entrada tardia de Pedro Mantorras para o lugar de Aimar, quando há muito se percebia que o argentino estava fora do jogo, sem força física e sem força mental.

Um palavra para sublinhar mais um golão de Mantorras. Que o próximo treinador do Benfica saiba aproveitar melhor todas as potencialidades do fantástico goleador angolano, que mesmo com algumas limitações merece muito mais.

Quique despediu-se da Luz? O seu comportamento final leva a crer que sim. O treinador espanhol que, quando chegou à Luz disse que o seu modelo era Mourinho, fez questão de pedir aos adeptos que levantassem a cabeça, mimetizando a atitude do treinador português dirigindo-se aos adeptos do Chelsea, depois de uma derrota.

Caiu o pano sobre a Liga. Os próximos dias são de balanço e de reflexão. Esta época trouxe muitos ensinamentos e muitas lições. Há erros que não se podem cometer no futuro. Foto em www.slbenfica.pt

Ficha do jogo

Benfica – 3; Belenenses – 1

Estádio da Luz (Lisboa)

Árbitro: Cosme Machado (AF Braga)

Benfica: Moreira; Maxi, Sidnei, Luisão e Jorge Ribeiro; Katsouranis, Carlos Martins, Di Maria, Urreta; Aimar, Cardozo.

Golos: Cardozo, Fellipe Bastos, Mantorras

Campeão alemão que fala português

Muitas vezes não vemos aquilo que está mesmo debaixo do nosso nariz. Tenho vindo a defender que o Benfica, para a próxima época, deve preferencialmente reforçar-se no mercado português.
Até agora isso não tem acontecido – Patric, Ramires e, talvez, Álvaro Pereira -, mas, espero, com Jorge Jesus a tendência pode inverter-se. Se estava convencido desta minha tese, mais fiquei ao assistir esta tarde à glória suprema de um pequeno clube alemão, o Wolfsburg, que se acaba de sagrar pela primeira vez na sua história campeão alemão da Bundesliga.
Este improvável campeão, liderado pela antiga estrela da selecção germânica, Félix Magath, possui nas suas fileiras dois jogadores que o campeonato português conhece bem: o guarda-redes suíço Diego Benaglio e o defesa central Ricardo Costa.
O primeiro, titularissimo durante toda a época, tendo feito 31 em 34 jogos, deixou há dois anos o Nacional da Madeira para regressar ao campeonato alemão, onde já tinha actuado no Estugarda.
O segundo, ex-FC Porto, apesar de não ter sido muito utilizado, conseguiu marcar 3 golos, sendo um defesa.
Mas no Wolfsburg o português é língua de destaque. Lembram-se de Alex? O ex-Benfica e ex-V. Guimarães, cumpriu a sua 4ª época no clube alemão, apesar de não ter sido utilizado. No plantel há mais quem fale a língua de Camões: os 4 brasileiros, entre os quais um nosso conhecido, Rodrigo Alvim, ex-defesa do Belenenses.
Agora digam lá se às vezes as oportunidades não estão mesmo debaixo do nosso nariz?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Está chegando o novo Valdo



O desconhecido Ramires, para o futebol português, parece ser um valor seguro no Brasil e uma estrela em ascensão. No dia em que o Cruzeiro confirma a vinda da sua maior estrela para o Benfica, o jovem atleta vê já a sua cotação mundial subir em flecha ao ser convocado por Dunga para a Selecção brasileira, vulgo a “Canarinha”.

"É felicidade em dobro. O trabalho está sendo reconhecido. A gente trabalha almejando alguma coisa na frente e hoje é um dia feliz para mim, para minha família, todos aqueles que me acompanham e gostam de mim. Estou esperando para chegar em casa e comemorar com o pessoal, eles estão ansiosos também. É isso aí, continuar trabalhando", disse à TV Cruzeiro.

Segundo o site do Cruzeiro “o fluminense Ramires Santos do Nascimento, de 22 anos, chegou ao Cruzeiro em Abril de 2007, contratado do Joinville. Em pouco mais de dois anos, disputou 105 jogos com a camisa celeste, marcou 27 golos e conquistou a torcida com um futebol dinâmico, de muito vigor físico e versatilidade que lhe permite actuar nas quatro posições do meio-campo. Pelo Cruzeiro, Ramires conquistou o bicampeonato Mineiro, em 2008 e 2009, e chegou à Selecção Brasileira. Ganhou a medalha de bronze com a equipa sub-23 nos Jogos Olímpicos de Pequim recebeu nesta quinta-feira a primeira convocação para a equipa principal, para jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010 e a Copa das Confederações”.

Quem o conhece bem diz que o Benfica acaba de contratar, por 5 anos, o novo Valdo. Certo é que com Ramires e Luisão, o Benfica está no topo dos clubes que cedem jogadores à que é considerada a melhor selecção do Mundo.


terça-feira, 19 de maio de 2009

De volta a La Castellana

Vai por aí um charivari sobre a provável mudança de treinador do Benfica. Uns afirmam que Quique Flores esgotou o prazo de validade, por erros e má fortuna; outros que a mudança de treinador nada resolve, dado que o Benfica já no passado utilizou esta estratégia sem resultado.
Ambas as correntes de opinião têm razão. Parece claro que o treinador espanhol foi opção errada. Começou, aliás, por ser terceira opção, o que só por si fragiliza qualquer escolha. Porém, Quique, ex-jogador do clube do século XX e nado e criado numa das mais competitivas ligas do mundo do futebol, fez quase tudo errado. Não soube ou não quis rodear-se de quem melhor o poderia proteger; não soube ou não quis entender a fundo o futebol português; não soube ou não quis perceber a cultura de um clube mundial como o Benfica.
Tenho para mim que Quique, nesta sua primeira aventura estrangeira, julgou ter chegado a um futebol de primitivos (e, nalguns casos, até tem alguma razão), onde todos, sem excepção lhe iriam prestar vassalagem.
Recusou ser humilde e aconselhar-se junto de Diamantino e Chalana, preferiu o ex-Liverpool e ex-campeão europeu, Pako Ayesteran. Mandou às malvas os relatórios sobre adversários tão improváveis, no seu entender, como Trofense ou Rio Ave – que não ficam nada a dever aos Almerias e Huelvas, mas que na cabeça de Quique eram equipas “de rir” (lembram-se do acesso de riso antes do jogo com o Trofense?).
Apenas a cosmopolita Lisboa lhe enchia as medidas, já que o caminho para o Seixal não era para memorizar. Criticar árbitros, assumir culpas por erros próprios, incorporar um pouco da linguagem muito própria do futebol português – isso não, isso seria descer ao nível dos bárbaros.
Ou seja, Quique, independentemente do seu valor como técnico ou como pessoa, não se enquadrou numa realidade muito específica. O futebol português é aquilo que é, e enquanto assim for, as regras do jogo são claras e temos de as aceitar (não quer dizer concordar).
Jorge Jesus não é nem pior técnico nem pior pessoa que Quique – algo que nem sequer posso avaliar porque por um lado não tenho conhecimentos técnicos; por outro porque não os conheço.
O que sei, de ciência certa, é que Jesus é um “homem do futebol português”. É provavelmente, com Cajuda, um dos últimos moicanos. Vejam bem, foi jogador do Olhanense na última vez em que o clube esteve na 1ª Divisão, há 35 anos.
O Benfica, nesta sua muito delicada fase da sua vida, precisa de um treinador com este perfil. Os defensores dos treinadores holandeses perguntem a si próprios porque é que Koeman fez figura na Liga dos Campeões e fracassou no campeonato? E Trappatoni seria campeão sem Álvaro? Fernando Santos? Um erro o seu despedimento à primeira jornada.
Não se queira agora defender a estabilidade do erro, que seria a manutenção de Quique Flores. Não me agrada esta mudança anual de treinador, mas é melhor correr o risco de mudar do que insistir numa opção que já se viu errada.
O Benfica português, ou “made in” Portugal, tem de ser a estratégia futura. Espero que Jorge Jesus, se se confirmar a sua vinda, faça uma aposta decidida nos jogadores portugueses, que ele tão bem conhece. E que seja feliz e nos faça felizes…

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O último jogo de Quique?

Braga – 1; Benfica – 3 (29ª jornada da Liga). Os golos que faltaram contra o V. Guimarães e contra a Académica, ambos na Luz, chegaram e sobraram agora em Braga. O problema é que nos jogos anteriores seriam golos bem mais importantes e mais decisivos.

Ontem, em Braga, a vitória soube bem, mas soube a pouco. Nos tais jogos referidos exigia-se vitórias e golos assim, iguais, como aconteceu no estádio Axa. Quando Quique Flores afirma não encontrar explicações para a travagem da equipa no último terço de campeonato, o que podemos nós, os adeptos, dizer?

Perguntar, talvez: porque não joga sempre assim o Benfica? Será esta equipa do Benfica de apenas jogar bem quando não está pressionada? Se assim é, tal não abona a favor da sua liderança técnica.

Uma equipa de altíssima competição, como o Benfica, tem de ser capaz de se exibir ao mais alto nível quando está pressionada, não o contrário. Foi, por isso, um sentimento paradoxal aquele que me invadiu no final do jogo.

Por um lado, a alegria da vitória, folgada, num dos campos mais difíceis do campeonato; por outro, uma profunda angústia por perceber que esta equipa do Benfica podia e devia ter ido mais além.

Quique surpreendeu, mais uma vez, na arrumação táctica da equipa. Moreira surgiu na vez de Quim, sem explicação aparente, mas provou o gritante equívoco que foi a sua troca por Quim num determinado momento da época.

Depois, o mais regular da defesa, Maxi, surgiu no meio campo, junto a outro dos últimos preteridos, Katsouranis. Valha a verdade que não deu para perceber da eficácia desta “surpresa táctica”, visto que David Luiz, deslocado finalmente para o centro da defesa para colocar Jorge Ribeiro na esquerda, se lesionou muito cedo e tudo regressou à normalidade, com o regresso de Miguel Vítor ao centro e Maxi de retorno ao seu lugar. Uff!!!

Com tudo isto em poucos minutos, a equipa do Braga deve ter-se baralhado por completo, tendo os seus jogadores cometido erros capitais nos dois primeiros golos. Isto sem tirar mérito à capacidade goleadora de Cardozo. (Na verdade custa perceber como se pode preterir de um jogador com esta faculdade ao longo de quase toda uma época). E à capacidade técnica de Di Maria – outro que foi muito mal aproveitado, juntamente com Urreta, que ontem fez um grande jogo.

Mas se Quique teve estes erros (e outros) capitais para a desastrosa época do Benfica, ontem pode dizer-se que se saiu bem do duelo particular com Jorge Jesus, tido como o próximo treinador do Benfica.

Segui de muito próximo este duelo, dada a minha posição no estádio, bem perto dos bancos. O que vi foi um Quique Flores a querer “imitar” Jorge Jesus, e este bem mais contido do que o habitual (talvez a querer passar uma imagem mais de estadista, sentindo que o Benfica obriga a outro comportamento). Foto em www.slbenfica.pt

Ficha de jogo

Estádio Axa (Braga)

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Benfica: Moreira; Miguel Vítor, Sidnei, David Luiz e Jorge Ribeiro; Katsouranis, Maxi, Ruben Amorim e Reyes; Di Maria e Cardozo.

Golos: Cardozo, Di Maria e Urreta

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O homem certo no lugar certo

Jorge Jesus é o homem certo no lugar certo. Conhece o futebol português como poucos. Subiu a pulso até atingir o topo. Não nasceu em berço de ouro, começou por baixo e foi galgando degraus não por ter “padrinhos”, não por “cunhas”, não pelos acasos do destino, não por meras circunstâncias e oportunidades, mas por trabalho, competência, esforço.

Jorge Jesus é do tempo do futebol no pelado. É do tempo do Amora, no velhinho estádio da Medideira. Não come no Gambrinus, nem fala em portunhol. Come carapaus fritos e a sua linguagem é a do futebol puro.

Nunca esteve no Benfica, mas é um treinador à Benfica. Se tudo correr bem, entrará pela porta grande na Luz. Cumprirá um sonho. Merece esse sonho. Talvez seja campeão sem ser na playstation.

Desta vez a primeira escolha tem de ser concretizada. Jesus não hostilizará Diamantino, nem Chalana, porque são “irmãos gémeos”. Conhece os jogadores como as suas mãos. Conhece bem o mercado português e isso é fundamental.

Há gente no Braga que cabia bem na Luz. João Pereira, César Peixoto, Luís Aguiar e Mateus. Se tudo correr bem, deêm-lhe um contrato de longo termo. Ele pagará a confiança com sangue, suor e lágrimas, muita rouquidão e milhares de quilómetros junto à linha.

O sobretudo à Mourinho e a pastilha elástica à Alex Ferguson são apenas adereços. O essencial está naquele seu jeito de viver cada segundo do treino e do jogo como se fosse o último. Jesus precisa do Benfica e o Benfica precisa de Jesus. Que nenhuma das partes se esqueça disso.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Já cá faltavas tu, Joe

Joe Berardo aproveitou o momento de turbulência que se vive no interior do Benfica, em virtude dos maus resultados da equipa de futebol, para regressar à análise sobre o futuro do clube.

Disse o especulador bolsista que o Benfica “precisa de um presidente a tempo inteiro, para recuperar desta vergonha”, numa crítica explícita a Luís Filipe Vieira. Ora, o nosso Joe, que não há muito tempo insultou publicamente Rui Costa através de um dignificante “fuck him”, espalhou-se no “timing”.

Logo hoje, em que foi conhecido o encerramento da emblemática unidade hoteleira, Savoy, propriedade do empresário, e o despedimento de mais de uma centena de funcionários, “Big Joe” apresenta-se à nação benfiquista como mais um “papagaio”.

Estará “Big Joe” convencido que será ele o presidente a tempo inteiro? Entre o tempo dedicado às suas colecções de arte, à compra e venda de acções e às tricas do BCP, pode ser que lhe reste algum para perceber que está completamente fora-de-jogo.

Do que o Benfica não necessita é de alguém que encontra soluções para os problemas através dos mecanismos artificiais da engenharia financeira dos mercados de capitais. Do que o Benfica não precisa é de especialistas em “short selling” e warrants.

O Benfica precisa é mesmo de alguém da economia real.

DEZ OU MAIS...

Representação da mesa dos 7 pecados de Hyeronimus Bosch, pintor flamengo dos séculos XV e XVI

Podíamos elencar 7, 10, ou mais. Mas como 10 é um número mágico no futebol, resolvi escolher aqueles que foram, para mim, os 10 pecados mortais de Quique Flores, e que explicam a época desastrosa que realizamos.

1 - O afastamento do centro de decisão técnica de Diamantino e Chalana;
2 - A dispensa de Léo;
3 - O ostracismo a que foi votado Cardozo;
4 - Os treinos "invisíveis";
5 - As arbitragens cirúrgicas;
6 - A indefinição dos guarda-redes;
7 - A casmurrice táctica;
8 - O desconhecimento sobre os adversários;
9 - A falta de autoridade no balneário;
10 - Um discurso demasiado agradável.

domingo, 10 de maio de 2009

À espera do 13 de Maio

Benfica – 2; Trofense – 2 (28º Jornada). A próxima época do Benfica tem de começar hoje, 10 de Maio de 2009. A 3 dias da emblemática reunião de católicos em Fátima, para celebrar um milagre, o Benfica precisa também de preparar o seu 13 de Maio.

Quique disse que o seu sucesso é invisível, por isso, certamente não será ele a ter a desejada visão do milagre. Espera-se que o Presidente do Benfica e o Director Desportivo possam ser iluminados por uma visão divina e encontrem a Luz ao fundo do túnel.

É por isso que hoje mais que nunca é preciso um regresso a casa. Um regresso às origens. O mercado português deve ser o privilegiado para a próxima época. Espalhados por aí estão jogadores de classe, de garra, de talento, de amor à camisola.

Os problemas estão identificados. As lacunas estão identificadas. Os fracassos estão identificados. Rui Costa teve o seu ano zero. Estou certo que aprendeu muito, mais do que julgava poder aprender em tão pouco espaço de tempo.

No ano 1 da sua era, os benfiquistas esperam que a experiência deste ano sirva para corrigir os erros cometidos. Alguns saltam à vista. O treinador foi um deles, mas a escolha de alguns jogadores também deixou a desejar.

Uma coisa os responsáveis benfiquistas podem ter por adquirido: os benfiquistas nunca faltarão com o seu apoio, com a sua presença, com a sua fé. E isso não é um milagre, é uma realidade bem visível. Façam-nos felizes, sff…

Post-Scriptum: Faço minhas as palavras do presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista: este campeonato é (foi) uma mentira. A escolha de um árbitro do Porto para arbitrar o jogo entre FC Porto – Nacional é mais uma brincadeira deste nosso futebol.

Artur Soares Dias até nem é dos piores, mas é falta de senso tê-lo colocado nesta situação. Se era para “queimar” um árbitro que podia ter uma boa carreira, então está bem. Soares Dias não conseguiu libertar-se da pressão e dos condicionalismos deste jogo e foi muito caseiro.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A falta que o Rui faz...

A postura de alheamento, fraca competitividade e notória falta de vontade, demonstrada por alguns jogadores do Benfica durante o jogo com o Nacional da Madeira ficou a dever-se:
1 – Apesar do sporting ter empatado, os jogadores já tinham interiorizado que o 2º lugar era uma miragem e, por isso, entraram mais cedo de férias;
2 – Quique já não tem autoridade sobre o grupo e não lhes consegue transmitir nenhuma motivação, nem dar qualquer injecção de moral;
3 – A ausência de Rui Costa junto ao relvado foi para muitos jogadores uma desvantagem que não conseguiram ultrapassar (exemplo de Cardozo, que depois dos golos em Setúbal foi abraçar o director desportivo junto à linha).
São três as opções. Qual a mais correcta?

domingo, 3 de maio de 2009

Destruir depois de ler

Nacional - 3; Benfica - 1 (27ª Jornada da Liga). Já não há vontade para indignações. Já não há vontade para agitar lenços brancos. Já não há vontade para insultar ninguém, para pedir responsabilidades, para exigir pedidos de desculpa. Já não há vontade sequer para apontar o dedo a um árbitro que continua a fazer das suas, como este JS (mas somos nós que temos a culpa). Este torpor que parece instalado em milhares de benfiquistas é a pior das constatações. É um encolher de ombros, que admite como banais todas as derrotas.

Encontrar explicações para a derrota na Madeira frente ao Nacional é um exercício que obrigaria a reconhecer que aquele grupo de jogadores que envergaram a camisola do Benfica queriam mesmo ganhar. Ora, tenho dúvidas sobre essa vontade.

Afinal, é de vontade que se trata. Relativizemos as questões tácticas. Mandemos às malvas as conjecturas sobre quem deveria jogar. Do que se trata é de vontade. Vontade de ganhar. É uma questão de cabeça, de força mental.

Ficar a 2 pontos do sporting, a um passo das pré-eliminatórias da Liga dos Campeões não é suficientemente motivador para os jogadores do Benfica? A quem se pede agora responsabilidades? Isto é, se houvesse vontade de pedir responsabilidades…

O problema é conseguir responder eficazmente à pergunta: que fazer? Parece que tudo já se tentou, que todas as palavras já foram ditas, que todos os discursos já foram feitos. Na verdade, estamos em 3º lugar; no ano passado ficamos em 4º lugar. Assim NÃO…

Os que entendem que importa começar do zero estão enganados. Vamos começar do menos zero. O que nos salva é que nós somos o Benfica. Mas o tempo corre depressa e escoa-se. Como areia fina por entre os dedos.

Há quem já tenha a cabeça noutras paragens e há quem nos deveria ter posto os pés na Luz. Pedir mais é um eufemismo. Eu só quero pedir que nos devolvam o Benfica. E que não demorem muito a fazê-lo.

Post-Scriptum: Como protesto, recuso-me a escrever o nome de qualquer jogador do Benfica.

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