domingo, 29 de março de 2009

Queiroz no seu labirinto

Com a Matemática a servir de 12º jogador, a Selecção Nacional está com um pé fora do Mundial de 2010, na África do Sul. Carlos Queiroz tem pela frente um naipe de jogos cruciais para que a chama da esperança não se apague de vez.

O ex-treinador-adjunto do Manchester United arrisca-se, mais uma vez, a sair da Selecção principal pela porta pequena, depois de ter batido com porta em 1994. No jogo de sábado à noite, no Dragão, Queiroz abdicou das suas ideias para tentar fumar o cachimbo da paz com os adeptos da “equipa de todos nós”, como a classificou magnificamente esse enorme jornalista chamado Ricardo Ornelas.

No Dragão, Queiroz quis apelar à empatia com o público. Assim, no onze inicial estavam os seguintes jogadores com chancela azul e branca: Bosingwa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Raul Meireles, Pepe, depois ainda fez entrar Deco, Rolando e Hugo Almeida. Ou seja, oito jogadores com raízes no Dragão.

O resultado final é desastroso. Cabe perguntar ao seleccionador se o jogo fosse na Luz, estariam escalados Nuno Gomes, Ruben Amorim, Jorge Ribeiro. Ou se fosse em Alvalade, a escolha recairia em João Moutinho, Nani, Tonel, Hélder Postiga, etc…

Isto mostra Carlos Queiroz no seu labirinto. A substituição de Tiago, que estava em grande, por Deco, foi lamentável. A entrada de Hugo Almeida colocou Portugal a jogar com menos um. A justificação de que Nuno Gomes não é titular no Benfica é falaciosa. Quantos jogadores foram chamados por Scolari não eram titulares nos seus clubes? E é sabido que Nuno Gomes tem sempre bons desempenhos na equipa nacional.

Enfim… agora é esperar por um milagre. O calendário é complicado, com três jogos fora e dois em casa. As deslocações à Dinamarca e à Hungria são de alto risco, e na Albânia o mínimo que se pode dizer é que será um jogo complicado.

O empate com a Suécia soube, assim, a pouco. E a verdade é que 12 anos depois (Mundial de 98, em França), Portugal arrisca-se a ficar de fora de um Mundial.

quarta-feira, 25 de março de 2009

A "formação" da academia

Bruno Pereirinha, “capitão” da Selecção Nacional de Sub – 21, uma das estrelas emergentes da alvaláxia e autor do golo do sporting na famigerada final da Taça da Liga, foi ontem o protagonista, pela negativa, do jogo entre Portugal e Cabo Verde, do 13º torneio internacional da Madeira.
O jovem jogador da “cantera” leonina, chamado a marcar um penálti contra a Selecção de Cabo Verde, resolveu “inovar”. Numa atitude que responsáveis portugueses e cabo-verdianos classificaram de “falta de respeito”, deu apenas um pequeno toque na bola, numa atitude combinada com o seu colega de equipa Rui Pedro. O lance gorou-se.
Mas pior do que o prejuízo desportivo, pois este lance “ainda pode sair caro a Portugal neste torneio, se se tiver em conta que o factor de desempate a seguir ao confronto directo é a diferença de golos” (in “A Bola”), o que marca este comportamento é a “falta de respeito” que o jogador mostrou pelos jovens adversários cabo-verdianos.
O seu treinador, Rui Caçador, foi peremptório: “Não subscrevo e espero que não volte a acontecer. Os adversários são para respeitar”, disse, visivelmente agastado, endereçando, de imediato, um pedido de desculpas ao treinador de Cabo-Verde, Ulisses Antunes, também ele desgosto com o gesto do rapaz leonino. E Carlos Queiroz já ordenou o seu afastamento do próximo jogo da Selecção neste torneio.
Descontado o facto de se tratar de Cabo-Verde, um país-irmão de língua oficial portuguesa e onde o futebol português é seguido com vivo interesse e emoção, este episódio encerra ainda outra lição/reflexão.
O sporting, tão lesto a exigir um pedido de desculpas de Lucílio Batista, depois de um erro por alguns considerado grave e grosseiro, cala-se agora perante uma atitude desta gravidade de um jovem da sua escola, envergando a camisola de Portugal.
Depois de João Moutinho, outro produto da academia, ter dito o que disse após a final Taça da Liga, sem ter recebido nenhuma chamada de atenção dos seus superiores hierárquicos, foi agora a vez de Pereirinha ficar impune perante os seus formadores.
Bastaram poucos dias para cair a máscara aos responsáveis leoninos, sempre com a boca cheia de ética, mas cujos actos roçam a arruaça. Isto é … o sporting.

Post-Scriptum: Já passaram quatro dias, mas ainda não vi nem ouvi nenhuma indignação pelo golo do jovem Bruno “leviano” Pereirinha, na final da Taça da Liga, ter sido marcado após falta de Vuckevic sobre Maxi. E esta hein!!??

Até que a voz lhes doa

Quase 4 dias depois da final da Taça da Liga, ainda ecoam as lamúrias de quem já fez um dia de luto pela arbitragem. Esta tem sido uma época desportiva invulgar. O suposto “clube diferente” começou o campeonato a dizer ao que vinha, através do seu treinador-dirigente-presidente-roupeiro-porta-voz – “vou criticar sempre as arbitragens”, disse ele na primeira jornada, depois de ter ganho em Alvalade ao primodivisionário Trofense.
E se o disse, alto e bom som, melhor o fez. Não houve, que me lembre, uma só jornada em que o “faz tudo” de alvalade não se pronunciasse sobre os árbitros. O problema, porque de um problema se trata, é que a estratégia tem resultado.
Os leoninos estão em segundo lugar no campeonato, que dá acesso à liga milionária, salvadora das finanças e foram à final da Taça da Liga, depois de algumas “ajudas”. Costuma dizer-se que a “ocasião faz o ladrão” e os de alvalade não a perderam.
Montaram um circo, depois da final do Algarve, para memória futura. A estratégia é clara. Os de alvalade precisam do 2º lugar como de pão para a boca. Atolados em dívidas, com o clube de pantanas (é rídiculo o autocarro que transporta a equipa principal ser emoldurado com letras garrafais publicitando o BES), a única salvação são os milhões da “Champions”. Por eles os de alvalade estão dispostos a tudo. Mas pode ser que o tiro lhes saia pela culatra.

domingo, 22 de março de 2009

A Taça é nossa!

O Benfica venceu a Taça da Liga, derrotando o Sporting nas grandes penalidades, depois de um empate de 1-1 no final dos 90 minutos. É isso, custe o que custar, doa a quem doer, que vai ficar para a história.
Antes de irmos ao jogo, algumas notas prévias: 1 - Lucílio Batista é um mau árbitro, cujas actuações no passado têm um denominador comum - beneficia, geralmente, o Sporting. Como aconteceu em 2008, onde num Sporting - Marítimo apitou uma grande penalidade que não existiu a favor dos leões, que lhes permitiu alcançar o segundo lugar e a Liga dos Campeões; 2 - O Sporting é useiro e vezeiro em lançar atoardas sobre a arbitragem. No passado fez um dia de luto, agora acha que estão a mais no futebol português. Que tal se o Sporting for disputar o campeonato da Alemanha?; 3 - Paulo Bento, mais uma vez, deu um mau exemplo, com as suas atitudes. Para quando um castigo a sério ao treinador do Sporting, que depois de ter incendiado ambientes contra os árbitros, agora tem gestos que se fossem outros a protagonizá-los não passariam impunes? Enquanto uns são castigados por pisar relvados, Paulo Bento pode dizer e fazer tudo que não é castigado; 3 - O treinador do Sporting é ainda muito novo, mas já disse tais coisas sobre os árbitros que qualquer dia vai ter de engolir tudo de uma vez; 4 - Miguel Ribeiro Teles e Soares Franco são dois indigentes. O segundo vai sair de cena, o primeiro fazia bem em seguir o mesmo caminho - para tornar o ambiente mais saudável.
Vamos ao jogo. Grande ambiente, grande emoção, grande espactáculo, mas o jogo foi paupérrimo. O Benfica voltou a exibir as deficiências do costume. Pouco controlo de bola, pouca circulação de bola, apenas chuto para a frente, à procura de Suazo (e como este está em quebra de rendimento, o jogo é medíocre).
Quique inventou mais uma vez. Agora, foi a colocação de Aimar na esquerda e Reyes na direita. Resultado, uma equipa coxa, onde a bola passava directamente dos defesas para o único avançado, mas raramente ele chegava lá.
Nuno Gomes "fez" de Aimar, mas a ideia não surtiu efeito. No meio, Ruben Amorim não conseguia pegar no jogo e Katsouranis mal se via. O único que mostrava serviço era David Luiz, que tinha de pegar na bola sozinho e levar a equipa para a frente.
Mau, muito mau. A perdida de Nuno Gomes no início do jogo é típica do nosso "capitão", que não tem espírito de "matador". Quique demorou muito a mudar a equipa. Acabou por meter Di Maria para o lugar de Nuno Gomes, mas em lugar de o colocar à esquerda, manteve aí Aimar e colocou-o no apoio a Suazo.
Enquanto isso, Cardozo mantinha-se no banco. Apenas a 2 minutos do fim o paraguaio foi lá para dentro, conjuntamente com Carlos Martins. O pensamento do espanhol já estava nas grandes penalidades. Aqui, uma palavra de grande agradecimento para Quim, que acabou por ser o herói do jogo ao parar três penáltis.
A coisa acabou por correr bem e acabar em grande, para gáudio do "mar vermelho" que invadiu o Algarve. Os adeptos mereciam mais futebol da equipa, mas, pelo menos, a Taça é nossa! Foto: Nacho Doce (Reuters)

sábado, 21 de março de 2009

Glorioso

SLB, SLB, SLB.... GLORIOSO SLB

Lucílio, esse desconhecido

Lucílio Batista é o árbitro da final da Taça da Liga, que hoje se disputa no Estádio do Algarve, entre Benfica e Sporting. Para se perceber de que massa é feito o "sistema", recupero estes dois "posts", com o título "Lucílio+BES = Sporting" e "Dias decisivos", que escrevi o ano passado, sobre este fantástico árbitro. Recordar é viver.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Benfica e Boavista: amigos para sempre

Estádio do Bessa, de novo "vermelho" como na histórica tarde/noite de 2005.
A mão solidária do Benfica mostrou-se, mais uma vez, ao futebol português. No próximo dia 28, a equipa principal de futebol do Sport Lisboa e Benfica disputa um amigável com o Boavista, no estádio do Bessa.
A lotação do estádio - 30 mil lugares - já foi totalmente comprada pela PT, um dos principais "sponsors" do Benfica. Vivendo uma dramática fase da sua existência centenária, o Boavista corre hoje sérios riscos de extinção.
No fundo da tabela da Liga de Honra, o clube do Bessa está afogado numa desesperada situação economico-financeira de que não vê saída. Os salários em atraso aos jogadores e funcionários vão-se acumulando.
Numa derradeira tentativa de travar este rumo para o abismo, o presidente do Boavista, Álvaro Braga Júnior, buscou apoio junto do Presidente do Benfica. Luís Filipe Vieira disse sim, de imediato. O Boavista pode, enfim, começar a sorrir, de novo.
Clube histórico da cidade do Porto, campeão nacional, o Boavista Futebol Clube teve no Benfica a mão amiga e solidária que necessitava. Outros, seus vizinhos, viraram-lhe as costas, olhando com gáudio para a sua agonia.
Quando o Boavista regressar, como se deseja, em breve, ao convívio dos maiores do futebol português, não irá esquecer, certamente, esta ajuda do Benfica, na hora mais difícil. Também é assim que se constrói uma política desportiva.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Um Benfica "português"

As notícias não desmentidas sobre possíveis contratações do Benfica para a próxima época são "más notícias". Não porque se trata de jogadores oriundos de países e de clubes sem grande expressão futebolística (Thomas Enevoldsen? Jeremy Mathieu?), mas porque indiciam que o Benfica não consegue erradicar um dos seus males mais profundos: a contínua profusão de nomes de potenciais, previsíveis, eventuais reforços.
Travar esta torrente de nomes que só serve para alimentar as páginas de jornais e a avidez dos leitores, mesmo que a veracidade de negociações em torno desses jogadores seja menos que zero, é um ponto não dispiciendo para construir um Benfica de sucesso.
O mal que se faz ao clube, com consequências tremendas na tranquilidade dos jogadores, é incomensurável. Para além de que os nomes de que se fala são inenarráveis - quase me atrevo a dizer: feios e maus.
Continuo na minha: o Benfica deve apostar no mercado interno, o que não quer dizer exclusivamente em jogadores portugueses. Mas principalmente deve apostar em duas vertentes: na formação e na manutenção dos principais jogadores do plantel.
Deixar sair nomes como Luisão, Katsouranis, Cardozo ou Di Maria, para só falar naqueles que têm mercado de caras (os casos de Suazo, Reyes e Aimar serão tratados noutra oportunidade), não é política correcta.
É certo que no caso de exclusão da Liga dos Campeões, a venda de jogadores será o único caminho para obter receitas extraordinárias, mas ninguém pode sequer equacionar esse cenário. O tempo é, portanto, de serenidade e reflexão. Fugas em frente não auguram nada de bom. Nem o caminho pode ser o de lançar dinheiro para cima dos problemas.

domingo, 15 de março de 2009

Mais vale cair em graça

Benfica – 0; V. Guimarães – 1 (22ª Jornada). Quase 24 horas depois, o soco no estômago que foi a derrota na Luz contra o Vitória de Guimarães ainda faz mossa.
Tremenda decepção obriga a exigir explicações. O percurso último da equipa, com exibições confrangedoras, de que a realizada contra a Naval atingiu os limites do absurdo, não augurava nada de bom.
Sentia-se que tudo estava preso por arames. Ontem, apesar de tudo, quase 50 mil estiveram na Luz. Aos adeptos ninguém pode apontar nada. Passada a fase de torpor face a uma derrota que nos colocou praticamente fora da rota do título, a revolta ainda germina dentro de mim. E a vontade é a de por tudo em causa.
O tempo não é, porém, de analisar mais pormenorizadamente o que se passa na Luz. Abordarei esse assunto nos próximos dias. Para já, registo que os jogadores continuam a não saber o que fazer dentro do campo. A dois meses do fim da época, o Benfica não tem uma equipa estabilizada.
Quique Flores é o culpado de tudo? Não, mas é o culpado de ter “queimado” Léo e Quim, Cardozo e Balboa, Sidnei e David Luiz, Ruben Amorim e Jorge Ribeiro. Para além de não se perceber o que quer de Mantorras ou de Nuno Gomes, que umas vezes aparece nas costas do avançado, outras, como contra o Guimarães, é atirado para o lugar de Cardozo.
O paraguaio é talvez o caso mais inexplicável de Quique. Ontem, com 0-0, o treinador espanhol resolveu “liquidar” Cardozo. Com que intenção? Muitas explicações vão ter de ser dadas nos próximos dias. Por quem? Por Rui Costa, evidentemente.
O director desportivo era a face do desespero no final da partida. Tem, talvez, agora a sua prova de fogo como homem forte do futebol. Vai ter de apelar a toda a sua experiência para tomar as decisões que se impõem.
A época ainda não está perdida, mas os próximos dias vão ser decisivos. As declarações inacreditáveis de Quique no final da partida podem ter sido o bilhete de despedida. Falta saber como é que o balneário vai reagir a quem colocou toda a responsabilidade sobre os jogadores.
Cardozo é só a nova vítima. Como foram Quim, Léo, Reyes, Nuno Gomes. Juntar todos estes cacos será tarefa complicada, que vai exigir tudo de Rui Costa. A poucos dias da final da Taça da Liga, com o Sporting, o céu parece desabar.
Quique vai relativizar a situação, como sempre fez. Vamos ver se ainda há paciência para segurar um treinador que teve ao seu dispor o melhor plantel dos últimos anos. A corda já partiu. O pragmatismo pode, contudo, obrigar a engolir um sapo vivo, esperar por uma vitória no sábado e lutar pelo acesso à Liga dos Campeões. O tempo corre contra Quique.

Ficha do jogo
Benfica – 0; V. Guimarães - 1
Estádio da Luz
Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

Benfica: Moreira; Maxi, Luisão, Miguel Vítor e David Luiz; Yebda (Urreta), Katsouranis, Di Maria e Reyes; Aimar e Cardozo (Nuno Gomes).

sábado, 14 de março de 2009

Orlando Sá: "Sonho com o Benfica"

Num dos meus últimos “posts” disse que ia começar a falar de jogadores portugueses que deviam merecer a atenção do Benfica, como base de uma estratégia de reconquistar a liderança do mercado interno.

O primeiro nome desta lista é o de um avançado (agora que o Benfica está interessado no avançado brasileiro Afonso Alves): Orlando Sá.

Esteve com pé e meio no Chelsea, mas a transferência gorou-se à última hora. Carlos Queiroz chamou-o à Selecção A, tendo-se estreado no jogo particular entre Portugal e a Finlândia, em Fevereiro.

Com 20 anos, Orlando Sá saltou para a ribalta ao apontar três golos à Selecção da Espanha, num particular em Novembro com a camisola da Selecção nacional de sub-21.

O “O INFERNO DA LUZ” sabe que o jovem avançado português ao serviço do Sporting de Braga tem referido em roda de amigos que “sonho com o Benfica”. À atenção de Rui Costa…

quarta-feira, 11 de março de 2009

Sporting Clube de Alvalade

As ondas de choque do naufrágio sportinguista em Munique, naquela que foi a pior prestação de sempre de equipas portuguesas em provas da UEFA (um resultado que a “A Bola” sintetizou magnificamente), estão longe do fim.

Eduardo Barroso, o médico-cirurgião/comentador da TVI, ilustre sportinguista, exprimia assim o seu “luto”: “O Sporting deixou de ser considerado um dos grandes do futebol português”. A lucidez e a racionalidade de Eduardo Barroso obriga a reflectir.

O Sporting, na verdade, já deixou há muito de ser considerado um grande e só não caminha a passos largos para a sua belenensização porque ainda há da parte de alguma comunicação social (principalmente o Record) a ideia de que o clube do bairro de Alvalade representa mais do que uma engraçada minoria de Lisboa.

O Sporting é o Bloco de Esquerda do futebol português. São poucos, são patuscos, mas julgam-se muitos e até comem caviar e bebem champanhe.

O que se passou em Munique, naquele massacre futebolístico imposto pelo Bayern, é a imagem do Sporting actual: sem liderança directiva nem técnica, sem alma, sem identidade, sem estratégia.

A bipolarização do futebol português entre Benfica e FC Porto atirou o Sporting para um canto, de onde não vislumbra saída.

O Sporting não conta. Nos grandes fóruns de debate nas TV´s e nas rádios, destinam-lhe residuais minutos.

Filipe Soares Franco é a negação de um líder. Embora, naquele jeito desengonçado, tenha agitado consciências. O Sporting não tem militância, disse Soares Franco, e depois anunciou que se ia embora.

Paulo Bento afinou pelo mesmo diapasão. O técnico leonino queixou-se de que a equipa não tinha o mesmo apoio dos adeptos que tinha o Benfica.

Verdades duras como punhais. A questão, no entanto, é mais funda e mais grave. Falta um desígnio ao Sporting e, hoje, ser sportinguista é quase visto como característica que suscita alguma curiosidade e muitos sorrisos.

Nos últimos anos, o Sporting tem tido lideranças fracas e sem carisma, que não estimulam nem motivam a massa associativa e os adeptos. José Roquete, Dias da Cunha e Soares Franco, não despertaram nem despertam paixões, falta-lhes alma, mística.

Quando o Sporting se alheia dos principais combates que neste momento agitam o futebol português, principalmente aquele que é apelidado de Apito Dourado e Apito Final, está a remeter-se para um papel secundário, irrelevante (deve-se, neste caso, sublinhar a liderança pela verdade desportiva de Dias da Cunha, o que não foi prosseguido por Soares Franco).

Quando o Sporting se deixa envolver numa aliança espúria com o FC Porto, fazendo o papel de idiota útil, está a envergonhar mais os sportinguistas que, se calhar, os 7-1 de Munique, mas é também por isso que o clube hoje não tem rumo.

O Sporting de Munique foi apenas a face cómica e ridícula de um clube que já foi de Peyroteo, de Yazade, de João Rocha, mas que não passa da caricatura grotesca do aristocrata falido, cujas pratas se transformaram em pechisbeque.

terça-feira, 10 de março de 2009

Futebol e Justiça: mistura explosiva

Nos últimos dias, o que se tem visto à porta do Tribunal de Gaia, onde decorre o julgamento do presidente do FC Porto, por causa do chamado "caso do envelope", pode ter acabado de vez com as ilusões de vivermos num país decente.
Não é que já não fosse evidente para todos que "isto" tinha batido no fundo, mas, repito, os últimos dias colocaram um ponto final irreversível na nossa esperança de que era capaz de haver luz ao fundo do túnel. Não há.
Um juiz de nome Mortágua, testemunha de defesa do presidente do FC Porto, diz que desde há muito que sabe da corrupção no futebol. Árbitros corruptos? Claro, alguns. 2.500 euros (a suposta quantia entregue pelo presidente do FC Porto num envelope ao árbitro Augusto Duarte)? Só se foi para o aquecimento. Depois destas respostas, Mortágua passou a vedeta nacional.
Chega Carolina Salgado. Tumultos à chegada. A testemunha de acusação entra, desprotegiada no tribunal, com um chorrilho de insultos à perna. À saída, é agredida por uma mulher, destrambelhada, que a polícia não consegue deter. No carro, a filha bébé da agressora chora compulsivamente.
A cena repete-se ontem. Com mais picante e mais adrenalina. A mulher corre atrás do carro de Carolina Salgado, com a bébé nos braços em pranto. "Isto" é o futebol e a justiça portuguesa numa simbiose perfeita, de drama, tragédia, comédia, riso, burlesco, basfond, vigarice, escumalha, gangsterismo parolo. E ainda acham que há salvação?
Post-Scriptum: O Juiz Adriano Afonso foi ontem a enterrar. O Benfica esteve representado ao mais alto nível, com a presença do seu Presidente. Fez bem, Adriano Afonso era uma personalidade de grande nível no dirigismo desportivo português. Faz falta e deixa saudades. Que saudades!

domingo, 8 de março de 2009

Não havia necessidade

Naval – 1; Benfica – 2 (21ª Jornada). Dá vontade de dizer: não havia necessidade. Depois do golo de Aimar, o seu primeiro na Liga portuguesa, aos 3 minutos de jogo e quando ainda se encontravam milhares de pessoas fora do estádio – naquela que foi a maior enchente de sempre em casa da Naval – a equipa do Benfica sofreu um enorme apagão.

Até ao intervalo, o Benfica foi uma caricatura de si próprio, e só as camisolas vermelhas identificavam que ali estava um dos mais poderosos clubes do Mundo. Foi mau de mais para ser verdade.

A equipa não conseguiu controlar o jogo e a Naval jogou como quis, embora sem qualquer oportunidade de golo. Do nosso lado, o chuto para a frente era a única forma de fazer chegar a bola junto à área da Naval.

Após o intervalo, as coisas pareciam continuar na mesma, pelo que era bem melhor o resultado que a exibição. A Naval também não preocupava. Tinha mais bola, mas oportunidades de golo: zero.

Previam-se 90 minutos de mau futebol. Até que a Naval chega ao golo do empate, num lance fortuito (só podia ser), que Marcelinho aproveita depois de deficiente alívio de Luisão. Agora podemos afirmá-lo; ainda bem que este golo apareceu.

A partir daí, o Benfica transfigurou-se, agarrou o jogo, controlou o jogo e empurrou a Naval lá para trás. Em poucos minutos, duas oportunidades flagrantes de golo: uma por Di Maria, cujo remate acabou na trave; e uma por Cardozo, com um trabalho perfeito na área e um remate a sair rente ao poste.

Até ao final, só deu Benfica. E pergunta-se: porquê estes hiatos, estes apagões, este descansar sobre os resultados? Responda quem trabalha com os jogadores todos os dias.

A 9 jornadas do fim, e depois desta vitória num campo tradicionalmente difícil e onde o FC Porto perdeu, pede-se atitude, concentração, pressing, durante os 90 minutos e não só quando se corre atrás do prejuízo. É que às vezes, já pode ser tarde. Não havia necessidade.

Ficha do jogo

Naval – 1; Benfica – 2

Estádio José Bento Pessoa

Árbitro: João Ferreira (AF Setúbal)

Benfica: Moreira; Maxi, Luisão, Miguel Vítor e David Luiz; Katsouranis, Yebda, Reyes(Urreta) e Di Maria (Jorge Ribeiro); Aimar e Cardozo (Nuno Gomes).

Golos: Aimar e Katsouranis

sábado, 7 de março de 2009

Um jogo de amigos

As boas relações de vizinhança são sempre algo de aplaudir e de estimular. Quando elas se baseiam numa sã convivência e têm a aprovação da comunidade.

Agora quando subjaz a esse entendimento situações menos claras, cumplicidades espúrias e interesses de ocasião, há que denunciar os arranjinhos e os pactos.

O Leixões – FC Porto de hoje à noite (1 - 4) tinha tudo para ser um dos jogos mais competitivos deste último terço do campeonato. Os de Matosinhos estão a fazer um campeonato exemplar, bem demonstrado na classificação que ocupam, o 4º lugar.

Para além disso, a equipa de José Mota fez a vida negra aos 3 grandes: ganhou ao FC Porto e ao Sporting, em casa destes, e empatou com o Benfica no Mar. O Leixões, e os seus jogadores, eram uma equipa respeitada e admirada, pela classe, pelo talento, pela garra.

O FC Porto, por seu lado, vinha de um jogo pouco conseguido contra o Sporting, estava desfalcado de alguns jogadores e, o jogo com o Atlético de Madrid da próxima terça-feira, da segunda-mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, podia pesar no sub-consciente dos jogadores.

Consciente disto tudo, a máquina organizativa do FC Porto, uma espécie de Regisconta de alta tecnologia, começou a preparar bem cedo a ida ao Mar, crucial para o resto de temporada.

A poucos dias do jogo, ficou a saber-se que os jogadores do Leixões têm salários em atraso. Coincidência.

Depois, o jogo. O primeiro golo portista resultou de uma mão (?) de um jogador do Leixões dentro da área, tão esquisita, tão infantil, tão desnecessária. O árbitro não teve as dúvidas que todos, incluindo os insuspeitos comentadores da RTP tiveram e não hesitou em apontar a marca de grande penalidade. Coincidência.

Mais tarde, para que as coisas ficassem rapidamente resolvidas, um defesa do Leixões resolve no meio campo atrasar a bola de cabeça para o seu guarda-redes. O que resulta é uma primorosa assistência para Hulk fazer o segundo golo, completamente isolado, com Beto (sim, esse, o que se diz que vai para o FC Porto e é tido como o melhor guarda-redes do campeonato) estático. Coincidência.

Mais. O quarto golo do FC Porto resulta de um cabeceamento de Farias, que na pequena área recua um passo, quase não salta e, sem ninguém por perto, atira para o golo. Beto fica novamente estático. Coincidência.

A comédia não seria digna de um Óscar se não tivesse um momento burlesco. O golo do Leixões foi uma simpatia solidária de Helton para Beto, não vá alguém achar estranho o comportamento do guarda-redes do Leixões.

Rui Costa (raio de nome para um árbitro!) também estava compenetrado do seu papel, Não é que amarelou Hulk e Fernando, limpando-lhes a folha disciplinar quando o próximo adversário no Dragão é a Naval, e fez vista grossa a uma entrada a matar de Cissoko sobre Zé Manel? Isto é que é ter a lição bem estudada.

Por fim, cabe registar que o FC Porto fez 4 golos, a maior goleada do Leixões esta época, cuja defesa era a segunda menos batida do campeonato – não vá ser preciso recorrer ao goal-average para decidir o título. Não é tão bom ter amigos assim?

Post-Scriptum: Claro que os adeptos do Leixões não são tidos nem achados neste filme. Os leixonenses foram mais uma vez aguerridos, inconformados, transparentes. Mereciam mais e melhor de alguns dos seus ídolos.

Foto: Paulo Duarte (AP/Photo)

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